A Queda de Assad na Síria: Um Desastre para a Imagem de Putin?
2024-12-09
Autor: Ana
Nos acontecimentos surpreendentes do último fim de semana, Damasco foi tomada, resultando na derrubada do presidente sírio, Bashar al-Assad, que fugiu para Moscou em busca de asilo. Em resposta, a Rússia concedeu asilo a Assad e sua família "por motivos humanitários", segundo fontes do Kremlin.
Essa súbita queda do regime sírio representa um duro golpe para a reputação da Rússia. Desde que interveio militarmente na Síria em 2015, com o envio de milhares de tropas para apoiar Assad, a Rússia buscou se afirmar como uma potência global. Essa ação marcou um dos primeiros desafios de Vladimir Putin à antiga hegemonia ocidental, em um cenário que se distanciava do espaço soviético.
O otimismo de Moscovo parecia justificado quando, em 2017, Putin declarou a missão cumprida durante uma visita à base aérea russa em Hmeimim. No entanto, as alegações de que os ataques aéreos russos resultavam em danos civis levantaram preocupações internacionais, mas a confiança da Rússia parecia intacta, a ponto de organizar visitas da mídia internacional à Síria para mostrar suas operações militares.
A relação entre Assad e Putin é mais que uma simples aliança política. As autoridades sírias concederam à Rússia direitos de ocupar as bases de Hmeimim e Tartous por 49 anos em troca de assistência militar, proporcionando a Moscou uma posição estratégica no Mediterrâneo oriental, crucial para suas operações militares e logísticas.
A grande pergunta agora é: qual será o futuro dessas bases militares russas na Síria? Após a queda de Assad, imperou uma nova dinâmica no país. O líder rebelde Abu Mohammed al-Jawlani anunciou que a segurança das bases russas será uma das prioridades da nova ordem. O Kremlin, por sua vez, afirmou que as bases russas estão em "estado de alerta máximo", embora não haja, até o momento, "nenhuma ameaça séria" a elas.
A queda de Assad, que era considerado o mais leal aliado da Rússia no Oriente Médio, enfraquece a posição de Moscovo na região. Ao mesmo tempo, a mídia russa tem procurado bodes expiatórios, como o exército sírio, que foi criticado por sua falta de resistência diante dos rebeldes. O âncora Yevgeny Kiselev comentou que a situação em Aleppo, onde posições foram entregues sem resistência, é um "mistério", insinuando uma possível falta de compromisso das forças de Assad.
Além disso, a Rússia enfrenta desafios internos e externos, com sua segurança em primeiro lugar. A operação militar na Ucrânia continua a ser uma prioridade, o que levanta questões sobre a capacidade de Moscovo de se engajar em mais um conflito enquanto lida com as consequências de sua intervenção na Síria.
O que acontecerá a seguir para a Rússia e sua presença na Síria? É um momento crítico que pode alterar o panorama geopolítico da região. Rússia e seus aliados serão capazes de manter a influência que sempre tiveram, ou a queda de Assad sinaliza uma nova era de incertezas e desafios? Preparem-se, pois os desdobramentos de mais esta crise estão apenas começando!