
A polêmica das 'árvores artificiais' que imitam a vegetação na cidade que sediará a COP 30
2025-04-01
Autor: Lucas
Árvores artificiais estão sendo instaladas em avenidas de Belém, que está passando por diversas obras — Foto: Leonardo Macedo / Ascom Seop
🌳💬 Segundo a Secretaria de Obras Públicas (Seop), plantas naturais e ornamentais foram fixadas em estruturas de vergalhões metálicos que seriam descartados. Até a realização da COP 30, estão previstas 180 unidades na capital, embora o valor do investimento não tenha sido divulgado.
O projeto é inspirado em modelos utilizados em Singapura, tendo sido inicialmente denominado de "árvores artificiais" pelo governo. No entanto, a proposta gerou controvérsias nas redes sociais, com críticas de ambientalistas, paisagistas e influenciadores, que questionam a eficácia e a necessidade da iniciativa.
Belém é conhecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como uma das capitais menos arborizadas do Brasil. Além disso, a cidade enfrenta problemas sérios com a queda de árvores centenárias, especialmente durante o inverno amazônico, que é marcado por chuvas intensas.
A responsável pelo projeto, a arquiteta Naira Carvalho, argumenta que as estruturas proporcionarão sombra e conforto em locais onde o plantio de árvores reais não é viável, seja pela falta de espaço para raízes ou pela qualidade do solo. A inspiração de Carvalho se baseou no que foi implementado em Singapura, mas as críticas surgem em relação à falta de opções mais sustentáveis e que poderiam utilizar espécies nativas.
— Juliano Ximenes, paisagista e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Além da Nova Doca, a Avenida Almirante Tamandaré também receberá os "jardins suspensos", totalizando 80 jardins na Nova Doca e 100 na Almirante Tamandaré. As áreas prometem ser parques lineares, com quiosques, espaços para eventos, playgrounds, academias ao ar livre e ciclovias. No entanto, Ximenes critica a concepção desses parques, ressaltando que o termo 'parque linear' é frequentemente mal interpretado, devendo incluir a recuperação da vegetação local.
💧🚫 Ambas as áreas são atravessadas por canais de esgoto, que, segundo o governo, passarão por tratamento e saneamento durante a execução das obras. O contraste entre as soluções urbanísticas e a necessidade de preservação do meio ambiente é evidente, especialmente em uma cidade que sediará um evento global focado em mudanças climáticas.
A arquiteta Janaína Andrade também aponta que a falta de uma abordagem verdadeiramente sustentável reflete a desconexão em relação à realidade amazônica e que as árvores reais desempenham um papel crucial na recuperação ambiental, ajudando a controlar a umidade do ar e do solo, além de reter poluentes e atrair fauna, fundamentais para a manutenção do ecossistema.
💲 A comparação com as "supertrees" de Singapura é inevitável. Enquanto essas estruturas são impressionantes — com até 50 metros de altura, áreas para eventos, iluminação noturna e sistemas sustentáveis — os jardins suspensos de Belém têm apenas 2,5 metros e carecem de muitas das características inovadoras e funcionais que fazem de Singapura um exemplo de planejamento urbano sustentável.
Las Árvores manipuladas e a percepção do público sobre elas continuam a ser um ponto crítico de discussão. A mudança do termo para "jardins suspensos" não diminui as preocupações sobre a verdadeira eficácia do projeto e a necessidade de um planejamento que considere a opinião das comunidades locais.
A Seop indicou que houve ajustes nas estruturas instaladas na Nova Doca, mas persiste a pergunta: por que não utilizar recursos locais para plantar árvores reais, que trariam benefícios ecológicos incontáveis, em vez de gastar recursos com soluções artificiais?
🔥💬 Em plena Amazônia, o governo do Pará optou por uma alternativa questionada, quando várias outras poderiam ter sido consideradas após diálogos com as comunidades tradicionais. Esse é um exemplo da necessidade urgente de repensar a urbanização na região, buscando um equilíbrio entre desenvolvimento e conservação ambiental.