Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas por um debate curioso sobre o uso de zinco por homens em busca de aumentar o volume do sêmen e, consequentemente, a performance sexual.

Um internauta no X (antigo Twitter) expressou sua dúvida: ‘não consigo entender essa moda do zinco para gozar mais’. Enquanto isso, outros usuários comentavam sobre o aumento da procura pelo mineral em farmácias, insinuando que homens de São Paulo estão se destacando nesse novo ‘tratamento’.

Especialistas, no entanto, são claros ao afirmar que não existem evidências científicas que comprovem que o zinco realmente aumenta a quantidade de sêmen na ejaculação. Contudo, isso não diminui a importância do zinco para a saúde reprodutiva masculina.

O urologista Tiago Serra, do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, explica que o zinco é vital para a maturação dos espermatozoides e na produção de testosterona. Sua deficiência pode impactar negativamente essas funções, além de afetar a fertilidade e a imunidade.

Ele explica: ‘É crucial avaliar os níveis de zinco para um plano de reposição eficaz. Para quem já apresenta níveis normais, um suplemento adicional raramente trará um aumento significativo no volume da ejaculação’.

Leonardo Borges, também urologista, reforça: até agora, não há pesquisas consistentes que indicam que o zinco aumenta a produção do sêmen em homens saudáveis. Algumas pesquisas menores com homens inférteis mostraram ligeiras melhorias, mas um estudo mais robusto descartou esses resultados.

Por outro lado, é preciso ter cuidado, pois o excesso de zinco pode causar sérios problemas de saúde. Segundo Borges, doses contínuas acima de 40 mg diárias podem gerar deficiências de cobre, anemia e até sintomas gastrointestinais desagradáveis.

Os especialistas recomendam que a necessidade de zinco deve ser atendida por meio de uma dieta balanceada, rica em carnes vermelhas, frango, frutos do mar, laticínios, castanhas, cereais e leguminosas.

Nas discussões online, muitos criticaram a busca desenfreada por esses suplementos, afirmando que arriscar a saúde por causa do volume ejaculado é uma atitude irresponsável.

Além da questão da suplementação, fatores como obesidade, estresse, álcool e tabaco têm um impacto significativo na produção de espermatozoides e testosterona.

Um estilo de vida saudável, com exercícios regulares e uma alimentação equilibrada, é a melhor forma de manter a saúde sexual em dia. Curiosamente, manter um período moderado de abstinência sexual pode, de fato, resultar em um aumento da quantidade de sêmen durante a ejaculação, conforme Borges.

Sobre o famoso mito de que o abacaxi pode mudar o gosto do sêmen, os especialistas esclarecem que, embora não haja um estudo conclusivo, é possível que a dieta influencie o sabor, com frutas doces e cítricas sendo melhores escolhas do que alho ou cebola.

No que diz respeito à saúde feminina, a ginecologista Paolinne Silva destaca que o zinco é benéfico para a imunidade e o crescimento do corpo, especialmente durante a gravidez. No entanto, a ideia de que a suplementação oral de zinco melhora a lubrificação vaginal não é verdadeira. A lubrificação é um processo complexo, governado por hormônios e fatores neurológicos.

Alternativas eficientes para melhorar a lubrificação incluem o uso de lubrificantes à base de água ou silicone, além de hidratantes vaginais, como também aponta a ginecologista Ana Paula Beck.

O uso de gel vaginal com zinco pode ajudar mulheres na menopausa que enfrentam problemas de ressecamento, segundo Silva.