O volume de contratos futuros de Bitcoin (BIT) negociados na B3, que foram lançados em abril de 2024, alcançou impressionantes R$ 1 trilhão em janeiro deste ano. Esse resultado é um reflexo não apenas da valorização da criptomoeda, mas também da crescente popularidade e da fluidez para negociar esses ativos no mercado. De acordo com as informações capturadas nos boletins diários da B3, esse número representa um crescimento exponencial em relação ao volume de Bitcoin negociado no mercado à vista, que totalizou apenas R$ 46,4 bilhões no mesmo intervalo, conforme dados da plataforma monitor.biscoint.io. Isso implica que os futuros de Bitcoin estão gerando um volume de negociações 25 vezes maior.

O especialista em criptoativos do Bitybank, Israel Buzaym, comentou que o aumento no volume de negociação é um reflexo do status que o Bitcoin conquistou globalmente. Em apenas 15 anos, a criptomoeda se tornou um dos ativos mais valiosos, atraindo novos investidores. "Desde 2024, temos visto uma significativa adoção institucional, e há possibilidades concretas de que grandes nações comecem a acumular Bitcoin em suas reservas", afirmou Buzaym. Ele destacou que a B3 se tornou uma ponte entre o mercado financeiro tradicional e o mundo das criptomoedas, facilitando a entrada de novos investidores.

Cada contrato futuro de Bitcoin representa 10% do valor da criptomoeda em reais. Com o Bitcoin cotado a R$ 637 mil na última terça-feira (21), o preço de um único contrato seria R$ 63,7 mil.

Um dos principais atrativos para os investidores tem sido a volatilidade do Bitcoin, que embora possa ser um desafio para alguns, é desejada por traders que buscam lucros rápidos. Além da volatilidade, a facilidade de negociação e a redução do spread (a diferença entre os preços de compra e venda) têm incentivado o crescimento. Nos últimos meses, o spread caiu de 80-110 pontos para cerca de 20 pontos, tornando o mercado mais acessível e atraente.

Roberto Indech, da XP, apontou que o interesse pelos contratos futuros cresceu consideravelmente desde seu lançamento, com uma média de 200 mil contratos negociados diariamente até o final de 2024. Em 2025, a intenção é que a liquidez aumente ainda mais, especialmente à medida que mais investidores locais busquem operar na B3. Ele acredita que a crescente familiaridade com os produtos de criptomoedas na bolsa brasileira pode reduzir a aversão ao risco que muitos potenciais investidores possuem.

Antes da introdução dos contratos futuros na B3, muitos traders brasileiros optaram por negociar em exchanges internacionais como o CME Group nos EUA, mas se sentiam inseguros em razão da exposição cambial e do risco relacionado a quebras de grandes plataformas de criptomoedas, como a FTX e Voyager Digital.

No entanto, operar contratos futuros de Bitcoin na B3 é mais complexo do que comprar a criptomoeda diretamente. Para isso, é necessário ter uma conta em uma corretora que forneça acesso a esses contratos, além de cumprir um requisito de margem inicial mínima de R$ 100 por contrato, que serve como garantia contra perdas. Devido à alta volatilidade, é recomendado que os investidores considerem um investimento na faixa de R$ 3 mil por contrato.

Embora o Bitcoin e os contratos futuros sejam atraentes, eles também trazem riscos significativos, como a volatilidade e a liquidez, que podem dificultar a venda em momentos de baixa atividade no mercado. Com a crescentes incertezas globais que podem impactar as criptomoedas, a cautela é essencial para quem busca entrar neste mercado em expansão.