O uso de álcool, mesmo em quantidades moderadas, é alarmantemente um dos fatores de risco mais significativos para o câncer de mama, de acordo com as novas diretrizes anunciadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em uma conferência impactante realizada em Genebra, Suíça, durante o Congresso Mundial de Câncer, especialistas discutiram a relação direta entre a ingestão de bebidas alcoólicas e a incidência dessa doença devastadora entre mulheres.

Estudos indicam que, na Europa, o câncer de mama já é responsável por impressionantes 66% dos casos de câncer relacionados ao álcool. Mais preocupante ainda é que uma pesquisa realizada em 14 países europeus revelou que apenas 21% das mulheres sabem que o consumo de álcool pode aumentar o risco de desenvolver essa forma de câncer.

Os dados da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), uma instituição afiliada à OMS, confirmam que não existem níveis seguros de consumo de álcool quando se trata de risco de câncer, reforçando a urgência da conscientização sobre o tema.

A ativista sul-africana Kathy Andrew, que enfrentou um diagnóstico agressivo de câncer de mama aos 38 anos, compartilhou sua experiência com a audiência: "Nunca soube da ligação entre álcool e câncer de mama até meu próprio diagnóstico. Cresci em um ambiente onde bebidas alcoólicas eram normalizadas, e não havia qualquer alerta sobre os riscos". Sua história destacou a falta de informação que gera complacência sobre os perigos do álcool.

Além do câncer de mama, o consumo de álcool está associado a pelo menos outros seis tipos de câncer, incluindo câncer de cólon, boca, laringe, faringe, estômago e fígado. As evidências recentes também sugerem uma ligação potencial com câncer de próstata e pâncreas, embora a pesquisa nesse sentido ainda esteja em andamento.

Isabelle Soerjomataram, pesquisadora do Iarc, enfatizou a baixa conscientização sobre esses riscos como uma barreira significativa para a prevenção. O metabolismo do álcool no corpo produz uma substância química tóxica chamada acetaldeído, que pode danificar o DNA celular e promover o crescimento descontrolado de células cancerígenas.

Maira Caleffi, president da Femama, alertou que o consumo de álcool também influencia os níveis de estrogênio, que desempenham um papel crucial na progressão do câncer de mama. `Mulheres que consomem álcool apresentam uma ação estrogênica aumentada, o que pode predispor o desenvolvimento de tumores`, comentou.

O relatório do Vigitel, que analisa dados de hábitos de consumo, mostra um aumento alarmante do consumo abusivo de álcool entre mulheres, passando de 9,6% em 2008 para 15,2% em 2023. Os profissionais de saúde ressaltam a necessidade urgente de abordar esse vínculo entre álcool e câncer de maneira sensível, dado que muitas pessoas subestimam os riscos associados ao consumo de bebidas alcoólicas.

Para combater essa epidemia de informação, a OMS está formando uma rede de parceiros focados em criar ambientes que promovam a conscientização e a prevenção do câncer relacionado ao álcool. Essa iniciativa inclui a proposta de regulamentações mais rigorosas para a rotulagem de bebidas alcoólicas e o aumento de impostos sobre produtos alcoólicos, um passo vital na luta contra o câncer de mama e outras formas da doença.

É hora de abrir os olhos para os riscos e agir – você pode ser a próxima a mudar essa realidade!