Nação

Viúva de Anderson Gomes revela momentos de dor e saudade durante julgamento do caso Marielle Franco

2024-10-30

Autor: Maria

No dia 30 de outubro, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro foi palco de momentos de intensa emoção durante o julgamento dos acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. A viúva de Anderson, Âgatha Arnaus, foi a quarta testemunha de acusação e descreveu a dor insuportável que sente desde a execução brutal do marido.

Em seu depoimento, Âgatha falou sobre o último dia de vida de Anderson e as expectativas que ele carregava. Este sonhava em ser mecânico de aviação e estava empolgado com a chegada de seu filho, Arthur, que sempre foi desejado pelo casal. A revelação de que Arthur apresentava uma condição genética rara foi um duro golpe para ele, que já estava ansioso para ser pai. "Ele sonhava em trazer nosso filho ao mundo, e agora ficou tudo interrompido", desabafou Âgatha, com lágrimas nos olhos.

A ausência de Anderson impactou profundamente a vida de Âgatha e de seu filho. Arthur, que na época tinha apenas um ano e oito meses, perdeu o pai e, com isso, Âgatha enfrentou sozinha a criação da criança e a tristeza de lidar com marcos importantes da vida do filho, que sempre estariam associados à ausência de Anderson. "Cada vez que meu filho faz algo pela primeira vez, eu sinto que falta uma parte importante de nossa família", disse, emocionada.

Ela compartilhou o evento traumático vivido quando Arthur teve que passar por uma cirurgia meses após a morte de Anderson. Âgatha expressou seu desespero, acreditando que poderia perder seu filho também. "Era como se eu estivesse vivendo o pior pesadelo, achando que minha família havia terminado", recordou.

O julgamento também trouxe à tona as discussões sobre as causas sociais e políticas que Marielle defendia, conforme destacou Mônica Benício, ex-companheira de Marielle. Para Mônica, a luta pela moradia digna e direitos fundamentais para as favelas foi uma motivação significativa para o crime. "Marielle sabia dos riscos que corria por defender essas questões", alertou.

Neste contexto, o relato de Âgatha não só ilustra a dor pessoal de uma viúva, mas também destaca as repercussões de um crime que ecoa na sociedade, levantando questões urgentes sobre segurança, direitos humanos e justiça. Vítimas de um sistema que falha em proteger aqueles que lutam por voz e dignidade, a história de Anderson e Marielle clama por justiça em meio a uma tragédia que não pode ser apagada.