Saúde

Victória teve AVC aos 30 anos após acidente aquático: 'Senti uma dor insuportável'

2024-09-23

Os AVCs podem afetar pessoas de todas as idades, e fatores como obesidade, diabetes e pressão alta são os mais conhecidos. No entanto, a história de Victória Alves, de apenas 30 anos, revela como um acidente inesperado pode mudar tudo.

Durante um final de semana em um festival de verão em Bertioga (SP), Victória decidiu experimentar o wakeboard, um esporte aquático que envolve surfar em uma prancha, puxada por uma lancha. Já tinha feito isso antes, mas naquela tarde a diversão tomou um rumo inesperado.

Ao se lançar na água, Victória sofreu uma queda violenta, batendo a cabeça e sentindo uma dor intensa. "A água parecia uma parede de pedra", recorda. Mesmo assim, tentou continuar, mas em poucos minutos se sentiu estranha. "Achei que era só dor de cabeça, mas não sabia que estava em um AVC."

O impacto danificou uma das artérias carótidas, levando à formação de um coágulo que interrompeu o fluxo sanguíneo para o cérebro. Essa interrupção resultou em graves consequências: metade do corpo de Victória ficou imobilizada.

A urgência da situação não foi percebida imediatamente; Victória levou quatro horas para receber atendimento médico após o incidente. Quando finalmente chegou ao hospital, estava em um procedimento de trombectomia, que envolve a remoção do coágulo. Em termos de AVC, cada minuto conta — são cerca de 2 milhões de neurônios perdidos a cada instante.

Após a cirurgia, o lado direito de Victória estava debilitado e, além de não conseguir se mover, ela também desenvolveu afasia, dificultando sua habilidade de falar e escrever. "Era desesperador vê-la assim", relembra sua mãe, Lisiane. Victória frequentemente soltava palavras desconexas e não conseguia compreender as perguntas simples que lhe faziam.

Passados 30 dias internada, Victória teve alta, mas percebeu a gravidade de sua condição ao não conseguir entender as placas de sinalização pelo caminho de volta para casa. Sua rotina de reabilitação foi intensa: fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e até atividades aquáticas foram introduzidas em seu tratamento.

Oito meses após o AVC, Victória ainda sentia dores e sua mobilidade era limitada. Às vezes, os exercícios pareciam tão básicos que a faziam sentir-se como uma criança. Contudo, a reviravolta veio quando a família aceitou a sugestão de um primo fisioterapeuta na Itália, que utilizava técnicas inovadoras.

No país europeu, Victória foi introduzida ao método de reabilitação neurocognitiva Perfetti, que oferece uma abordagem integral ao tratamento de AVCs, focando em estímulos motores, cognitivos e sensoriais simultaneamente. Essa experiência a fez descobrir que, embora andasse, não sentia seu pé no chão, como se tivesse uma "perna de pau". Sua mãe se surpreendeu com a evolução de Victória, que começou a recuperar conexões perdidas de seu corpo.

Oito anos após o AVC, Victória não apenas recuperou a mobilidade, mas também adquiriu autonomia em sua vida, morando sozinha e realizando atividades cotidianas como cozinhar e dirigir. Inspirados em sua jornada, seus familiares fundaram o Instituto Avencer, que traz o método Perfetti ao Brasil, beneficiando mais de cem pacientes em suas instalações.

O foco do Instituto é proporcionar a cada paciente a possibilidade de conhecer e se adaptar ao tratamento, permitindo uma recuperação mais eficaz. A reabilitação neurocognitiva integra várias técnicas e métodos que abordam as necessidades individuais de cada um, sempre visando a independência e a qualidade de vida.

Mediante a evolução dos tratamentos, é vital ressaltar a importância de uma abordagem multidisciplinar na reabilitação de AVCs. O olhar sobre a reabilitação envolve não apenas o aspecto físico, mas também as questões cognitivas e emocionais do paciente, visando uma recuperação integral e eficaz na vida das pessoas que enfrentam esse desafio.