Com os recordes de calor se tornando alarmantes, especialmente em 2024, que registrou o dia mais quente da história em 22 de julho, é crucial que as pessoas busquem formas eficazes de se refrescar. O ventilador, uma opção popular, pode não ser a solução ideal, especialmente para grupos vulneráveis como idosos, crianças e pessoas com comorbidades. Embora o ar-condicionado seja considerado a melhor opção, sua acessibilidade ainda é um grande desafio para muitas famílias brasileiras. Uma recente pesquisa chama atenção para os riscos do uso do ventilador em altas temperaturas.

De acordo com o The New England Journal of Medicine (NEJM), que publicou um estudo em novembro de 2024, enquanto os ventiladores podem proporcionar alívio em temperaturas de até 38°C, seu uso pode se tornar prejudicial em um calor intenso. O especialista Ollie Jay, da Universidade de Sydney, liderou pesquisas que até convenceram a Organização Mundial da Saúde (OMS) da segurança no uso de ventiladores em condições de alta umidade, até 40°C.

Neste estudo, cerca de 58 voluntários, incluindo idosos e pessoas com doenças cardíacas, foram expostos a duas condições diferentes. Na primeira, simulou-se um ambiente quente e úmido de 38°C com 60% de umidade, enquanto a segunda replicou um clima árido de 45°C com apenas 15% de umidade. O resultado foi alarmante: os participantes da primeira condição relataram alívio, mas na segunda condição, que se assemelhava a uma sauna, os voluntários apresentaram aumento significativo no estresse cardíaco quando expostos ao ventilador.

A OMS afirma que ambientes refrigerados são a única maneira realmente segura de evitar os efeitos adversos do calor extremo. Especialistas concordam que o ar-condicionado é muito mais eficaz do que o ventilador para proteger a saúde em dias de calor intenso. Contudo, a situação é preocupante no Brasil, onde menos de 20% das residências possuem ar-condicionado, de acordo com dados recentes do IBGE. Isso deixa uma grande parte da população vulnerável, especialmente em um cenário de aquecimento global, onde as temperaturas só tendem a aumentar.

Em resumo, embora o ventilador possa parecer uma solução prática e acessível, seu uso durante ondas de calor extremo deve ser reconsiderado, especialmente para aqueles que são mais vulneráveis. É essencial explorar alternativas de resfriamento seguras e acessíveis para garantir o bem-estar da população.