Tecnologia

Velocidade x2 do WhatsApp: A necessidade de desacelerar em uma vida apressada

2025-04-06

Autor: Matheus

Ultimamente, a sensação de viver em alta velocidade tem sido palpável em nossa sociedade e, segundo uma pesquisa do Datafolha em 2023, 43% da população brasileira compartilha dessa percepção. A vida se tornou um verdadeiro labirinto de tarefas e compromissos, onde a velocidade é a norma e o tempo parece escasso.

Os especialistas, como o sociólogo alemão Hartmut Rosa, discutem o que chamam de 'aceleração social do tempo'. Isso significa que estamos vivendo transformações em um ritmo que antes levaria décadas, agora ocorrem em anos; o que demorava anos, se resume a meses; e o que antes levava meses, agora ocorre em dias. Essa aceleração do nosso cotidiano nos faz sentir que, mesmo após um dia cheio, não conseguimos apreciar o que realmente realizamos.

Além disso, essa corrida constante impacta nossa atenção e presença. O estado de 'automático' ao qual nos submetemos em resposta a mensagens, interações e outras demandas diárias, nos faz perder a consciência do que de fato estamos fazendo. Já parou para pensar quantas vezes você respondeu a uma mensagem sem prestar atenção no conteúdo e, ao retornar, mal reconheceu suas próprias palavras?

Desacelerar não significa simplesmente ser mais lento; é retomar o controle sobre nossos sentidos e nossas experiências. É compreender quando a velocidade é necessária - como em urgências relacionadas ao meio ambiente, por exemplo - e quando ela é apenas um reflexo de uma cultura que valoriza a pressa. Nessa busca, ceder à urgência é perder a oportunidade de refletir e agir com mais intenção.

Uma mudança fundamental é enxergar que a aceleração está enraizada em nossa sociedade e não somos nós que estamos 'errados'. A pressão social para estarmos sempre ocupados e produtivos pode nos levar a ignorar problemas sistêmicos que afetam a todos, ao invés de tratar apenas das questões individuais. Por que estamos tratando problemas coletivos como se fossem apenas responsabilidade de cada um? A quem interessa manter esse ciclo de velocidade e estresse?

Ao pensarmos sobre formas de viver de maneira desacelerada, é imperativo não encarar isso apenas como uma escolha pessoal ou privilégio, mas sim como um direito de todos. Isso inclui democratizar o acesso a momentos de desconexão e recuperação. Paradoxalmente, para enfrentarmos isso, é necessário que todos, enquanto indivíduos exaustos, busquemos mudanças pessoais que se reflitam em um contexto coletivo.

Simples mudanças, como evitar olhar o celular logo ao acordar, fazer pausas durante o dia, viver momentos offline ou dedicar tempo às refeições sem distrações, são passos importantes. Mas surge a pergunta: quem realmente tem a liberdade de implementar essas práticas em sua vida diária?

Essa é uma conversa que merece ser aprofundada, e é meu objetivo explorar cada uma das facetas da aceleração e desaceleração em nossa sociedade. Neste espaço, espero abordar a importância de refletir sobre como podemos criar um ambiente que favoreça condições mais saudáveis para todos, promovendo relações mais significativas e um mundo mais gentil.