Ciência

Uso excessivo de telas pode estar reduzindo a massa cerebral, alertam especialistas

2025-01-18

Autor: Fernanda

Você sabia que o uso excessivo de telas pode estar afetando sua saúde mental e, mais alarmante, pode até reduzir a massa cerebral? Com a avalanche de conteúdos digitais inundando nossas vidas diárias, desde tweets até stories e notificações incessantes, os especialistas estão começando a levantar a bandeira vermelha sobre os impactos que isso pode ter em nosso cérebro.

Um estudo recente realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Macquarie, liderada por Michoel Moshel, revelou que o consumo contínuo de conteúdo digital está diretamente correlacionado à diminuição da massa cinzenta em áreas vitais do cérebro. Essas regiões são responsáveis por funções essenciais como processamento de recompensas, controle de impulsos e tomada de decisões. As alterações observadas são alarmantemente semelhantes às encontradas em indivíduos dependentes de substâncias como metanfetaminas e álcool.

Mas não se trata apenas de um problema clínico. O impacto do "uso desordenado de telas" também está sendo analisado em ambientes educacionais. Uma meta-análise que revisou 34 estudos destacou que o uso compulsivo de dispositivos eletrônicos está ligado a um desempenho cognitivo bastante prejudicado entre os alunos, afetando especialmente a atenção sustentada e o controle de impulsos. Essa questão não se limita apenas aos jovens; adultos que passam longas horas em frente a computadores e celulares também sofrem com os efeitos negativos dessa dependência.

Dados preocupantes de 2021 da ONG americana Common Sense Media mostraram que pré-adolescentes passam, em média, 5 horas e 33 minutos por dia em frente a uma tela, enquanto adolescentes alcançam impressionantes 8 horas e 39 minutos. Essas estatísticas são alarmantes, especialmente em um momento em que a saúde mental dos jovens se tornou uma prioridade para educadores e profissionais de saúde.

No contexto australiano, uma pesquisa do Instituto Gonski revelou que 84% dos professores acreditam que a tecnologia digital serve como uma distração significativa no ambiente escolar. Da mesma forma, uma pesquisa divulgada pela Beyond Blue revelou que o tempo excessivo em frente às telas é um dos principais desafios enfrentados pelos jovens, atrás apenas das questões relacionadas à saúde mental.

A psicologia está começando a entender o que realmente acontece em nossos cérebros. Eduardo Fernández Jiménez, psicólogo clínico do Hospital La Paz, alerta que o bombardeio constante de estímulos pode afetar nossa atenção, uma habilidade crítica para o aprendizado eficaz. Um estudo da revista Nature mostra que pessoas com problemas de saúde mental tendem a consumir informações de pouca qualidade, perpetuando um ciclo vicioso que é difícil de escapar.

Então, existe uma solução? Especialistas sugerem uma abordagem dupla focando tanto na quantidade quanto na qualidade do uso das telas. Limitar o tempo em frente a dispositivos e promover atividades que incentivem a interação social e física pode ajudar a neutralizar os efeitos adversos do uso excessivo de tecnologia. Além disso, priorizar conteúdos educativos de qualidade e estabelecer pausas regulares são fundamentais para combater os efeitos negativos deste fenômeno.

Diante da crescente digitalização de nossa sociedade e das empresas de tecnologia que lutam para maximizar nosso engajamento digital, a responsabilidade não é apenas individual. É necessário que as políticas públicas avancem em direção a uma maior transparência e à educação crítica em relação ao uso digital. A triste realidade é que essa "podridão cerebral" pode estar moldando nossa percepção de mundo num momento em que precisamos de nossas habilidades cognitivas intactas. Portanto, reflita e questione: não está na hora de dar um passo para trás e explorar o mundo real que existe além das telas?