247 – A polêmica proposta de Armínio Fraga, que sugere congelar o salário mínimo em termos reais por seis anos durante a Brazil Conference nos EUA, ainda gera fervorosas reações. Um dos principais contrapontos veio do economista Uallace Moreira, atualmente Secretário de Desenvolvimento Industrial e Inovação do MDIC.

Em sua conta no X (antigo Twitter), Uallace não poupou críticas à proposta de Fraga. Ele questionou a lógica por trás da sugestão: "Por que não congelar o pagamento dos serviços da dívida por seis anos?" e destacou que cada aumento de 1% na taxa de juros representa uma drenagem de mais de R$ 40 bilhões do orçamento público em favor dos rentistas.

A fala de Uallace revela a disparidade nas propostas que emanam dos círculos da elite econômica brasileira, que frequentemente visam a compressão de direitos sociais enquanto preservam os privilégios do sistema financeiro. Ao abordar o impacto dos juros sobre o orçamento, Uallace ilumina um dos principais motivos da concentração de renda no Brasil: o desvio de recursos públicos para beneficiar os detentores de títulos da dívida.

Fraga, um bilionário e ex-presidente do Banco Central sob o governo FHC, defende a manutenção de um ajuste fiscal que recai sobre a camada mais vulnerável da sociedade, ignorando as estruturas que mantêm a desigualdade. A resposta de Uallace Moreira reintroduz um tema crucial no debate público: a necessidade de confrontar os interesses dos rentistas, algo que tem sido sistematicamente evitado nas propostas liberais.

Atualmente, o Brasil dedica mais da metade de seus gastos primários ao pagamento de juros e amortizações. Essa questão, no entanto, permanece excluída dos debates políticos, ao contrário das frequentes pressões sobre o salário mínimo. Com seu posicionamento, o secretário do MDIC coloca em evidência a intensa disputa de projetos em curso no país: de um lado, os que propõem cortes voltados aos mais pobres; do outro, aqueles que buscam desafiar os privilégios dos mais ricos.