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Trump vs Kamala: O que a eleição dos EUA pode significar para o mundo

2024-10-29

Autor: Fernanda

Kamala Harris e Donald Trump – Foto: REUTERS via BBC

Em fevereiro de 2023, durante uma visita surpresa a Kiev, o presidente americano Joe Biden reafirmou o papel dos EUA como um farol para o mundo, um símbolo de esperança em tempos de incertezas global. Agora, com as eleições presidenciais marcadas para 5 de novembro, muitos se perguntam: quem será o próximo a conduzir esta potência? Será Kamala Harris, que defende a continuidade da administração Biden, ou Donald Trump, que promete um retorno ao "americanismo"?

O cenário atual é de desconfiança quanto à influência dos EUA no mundo. Com guerras devastadoras em Gaza, na Ucrânia e uma crescente aliança entre potências autocráticas, o peso da América no palco internacional está em debate. Porém, o poderio econômico e militar dos Estados Unidos ainda é significativo, e suas alianças continuam a ser um fator essencial na geopolítica.

Conversando com especialistas, fica claro que as consequências dessa eleição vão além das fronteiras dos EUA. A ex-secretária-geral adjunta da Otan, Rose Gottemoeller, alerta: "Trump poderia ser um pesadelo para a Europa", referindo-se às suas ameaças de sair da aliança. O fato é que os EUA gastam mais em defesa do que os 31 outros membros da Otan juntos. Se Harris vencer, há uma expectativa de que a Europa continue a ter o apoio dos EUA, mas com pressão para aumentar seus gastos militares.

No campo da segurança internacional, o novo presidente dos EUA enfrentará o maior risco de conflitos entre potências desde a Guerra Fria. A presidente do International Crisis Group, Comfort Ero, destaca que, independentemente de quem vencer, a crescente complexidade dos conflitos internacionais poderá agravar as tensões, especialmente na Ucrânia.

No Oriente Médio, a postura de Harris sobre Israel é clara, porém ela enfatiza a necessidade de proteger a vida dos palestinos. Enquanto isso, Trump promete um novo acordo com o país, mas suas declarações sobre a situação podem levar a uma maior liberdade para ações militares israelenses. Ambos os candidatos, em suas campanhas, têm falado sobre a necessidade de estabilidade, mas com abordagens muito diferentes.

A economia global também é um ponto crucial. Trump propõe tarifas de 60% sobre produtos chineses, um movimento que especialistas como Rana Mitter consideram um potencial "choque econômico". A relação comercial dos EUA com a China é tensa, e qualquer mudança nessa dinâmica pode afetar mercados em todo o mundo.

A crise climática, uma preocupação central, se entrelaça com a eleição. Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, ressalta que uma vitória de Harris pode oferecer esperança para ações ambientais, enquanto Trump já manifestou desdém por acordos climáticos, como o de Paris. A postura dos EUA nessa questão pode influenciar batalhas cruciais globalmente.

Por último, a liderança humanitária. Martin Griffiths, ex-subsecretário-geral da ONU, menciona a importância de uma abordagem moral responsável em tempos de crise. A possibilidade de uma vitória de Harris traz esperanças de um retorno a um compromisso com o sistema humanitário global, enquanto o retorno de Trump pode significar um aprofundamento na insensibilidade às crises internacionais.

Por fim, a escolha de Kamala Harris ou Donald Trump não é apenas uma questão nacional. O resultado pode dar forma ao futuro das relações internacionais, à resposta à mudança climática e à estabilidade global. O mundo observa ansiosamente.