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Trump Revoga Medidas de Diversidade e Assusta Líderes Corporativos no Brasil

2025-01-24

Autor: João

Mais de 200 diretores de diversidade, representando empresas da Fortune 500 e organizações sem fins lucrativos, reuniram-se no ano passado para discutir a continuidade de seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Este encontro, realizado na Faculdade de Direito da Universidade de Nova York, deixou muitos executivos alarmados com as recentes diretrizes do presidente Donald Trump, que ameaça desmantelar esforços já consolidados.

Nos seus primeiros dias de mandato, Trump tomou medidas drásticas visando os programas de DEI, incluindo a suspensão de funcionários federais responsáveis por iniciativas de diversidade. Ele revogou, também, uma ordem executiva de 1965 que proibia práticas discriminatórias em contratações no setor privado que estivesse vinculado ao governo. Essa reviravolta tem causado pânico nas lideranças empresariais, afetando até mesmo empresas brasileiras que se espelham em modelos de negócios americanos.

David Glasgow, diretor-executivo do Meltzer Center for Diversity, Inclusion and Belonging, afirmou que a incerteza gerada por essas novas ordens está criando um clima de medo e confusão. Com o governo federal agora orientando agências a examinar as iniciativas de DEI no setor privado, a pressão para se manter em conformidade está aumentando. As agências devem identificar até nove investigações potenciais que podem atingir empresas de capital aberto e organizações sem fins lucrativos.

"Esse número discreto se assemelha a uma espada sobre a cabeça das organizações", comentou Kenji Yoshino, advogado constitucional. Ele destacou que a expectativa de ser uma das nove empresas investigadas pode levar as corporações a adotarem posturas mais cautelosas.

Os riscos legais para programas de DEI são elevados, especialmente os que distribuem benefícios com base na raça. Uma recente decisão da Suprema Corte dos EUA derrubou a preferência racial em admissões universitárias, resultando em uma série de processos contra empresas. Yoshino apontou que Trump está, de certa forma, legitimando essa nova realidade ao empurrar a ordem executiva como respaldo à decisão da Suprema Corte.

Com o cenário se tornando cada vez mais volátil, muitas empresas, como Meta, Tractor Supply e Harley Davidson, começaram a adaptar suas políticas de DEI, pausando programas ou eliminando cargos relacionados. A Amazon também retirou várias iniciativas, enquanto o Walmart anunciou que deixaria de compartilhar dados com a Human Rights Campaign, alegando preocupações legais.

Por outro lado, algumas empresas estão se posicionando firmemente em apoio a DEI, como Costco, Patagonia e Microsoft, demonstrando que há ainda espaço para inclusão e diversidade, mesmo sob pressão.

Além disso, líderes de diversidade estão reconsiderando suas estratégias, com Glasgow questionando se o termo ‘DEI’ deveria ser substituído, dado o peso político que adquiriu. Ele sugere que essa mudança possa ser necessária para evitar que iniciativas de inclusão se tornem alvos fáceis para retaliações legais e sociais.

Em um momento em que muitas empresas se comprometeram a aumentar suas ações contra injustiças raciais após o assassinato de George Floyd em 2020, as novas diretrizes de Trump representam um retrocesso significativo. O desafio agora é encontrar um caminho viável para continuar promovendo a diversidade em um ambiente hostil.

O mundo corporativo observa atentamente, e as consequências dessas ações podem reverberar globalmente, afetando não apenas as práticas empresariais dos EUA, mas também os movimentos de diversidade no Brasil e em outros países.