O cenário econômico se transforma novamente com a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA. O republicano promete um aumento significativo nas tarifas de importação, colocando o Brasil em uma posição de análise e oportunidades.

O Brasil, que é o maior fornecedor de café dos EUA, também exporta uma série de outros produtos agrícolas como suco de laranja, carne bovina, e soja. A expectativa é que o país se beneficie, considerando que Trump deve focar suas tarifas principalmente na China. Assim, os produtos do agro brasileiro podem não ser os mais afetados, de acordo com especialistas do setor.

Embora Trump tenha planos de elevar as tarifas de importações de 10% a 20% sobre produtos de diversos países, é baixo o risco de taxar itens de primeira necessidade, como café e carnes. Essas medidas poderiam resultar em uma escalada nos preços, o que não seria aceitável para um governo em busca de manter sua popularidade.

"É um assunto delicado elevar tarifas sobre alimentos básicos, especialmente com os Estados Unidos enfrentando problemas em seu rebanho bovino e a demanda alta por café", comenta Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.

Além disso, uma nova guerra comercial pode trazer impactos positivos para o Brasil. Se os EUA taxarem produtos chineses, a China poderá retaliar taxando a soja americana, aumentando assim a demanda por soja brasileira, como já ocorreu anteriormente. A Aprosoja, por exemplo, já se prepara para um possível aumento nas exportações para a China, fortalecendo ainda mais a parceria entre os dois países.

Os números corroboram essa expectativa: um estudo de 2022 constatou que o Brasil é um dos principais fornecedores de soja para a China, um mercado que está sempre em busca de garantir o abastecimento de sua produção, especialmente para a alimentação de suínos.

Os especialistas também apontam que, além da soja, as exportações de milho brasileiro podem aumentar. Em 2023, o Brasil superou os EUA como o maior exportador deste cereal, o que abre novas oportunidades diante de possíveis conflitos comerciais.

No setor de carnes, o Brasil se destaca como líder em exportação de carne bovina e frango, competindo diretamente com os EUA. O fortalecimento do comércio, especialmente se as tensões aumentarem entre as potências, poderá beneficiar os exportadores brasileiros.

Em resumo, enquanto Trump prepara suas estratégias comerciais, o agro brasileiro observa com cautela e expectativa, pronto para capitalizar em oportunidades que podem surgir em meio a um ambiente comercial incerto.