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Trump Encaminha Fim do 'Turismo de Nascimento' e Aumenta Insegurança Entre Famílias Brasileiras

2025-01-23

Autor: Carolina

Trump Encaminha Fim do 'Turismo de Nascimento' e Aumenta Insegurança Entre Famílias Brasileiras: "Estamos Preocupados"

A arquiteta brasileira Lavínia Naue, de 26 anos, está a poucos dias de dar à luz sua primeira filha, Lívia, na Flórida. A viagem de Santa Catarina teve um objetivo claro: garantir que sua bebê nasça com a cidadania americana. "Amamos viver no Brasil, mas queremos que ela tenha mais oportunidades no futuro, como estudar nos EUA," afirma Lavínia.

Essa prática, conhecida como 'turismo de nascimento', atraí muitas brasileiras que buscam proteção e possibilidades de crescimento para seus filhos. Os Estados Unidos oferecem cidadania automática para qualquer criança nascida em seu território, independente da situação migratória dos pais, o que torna essa opção atraente.

No entanto, Donald Trump, em seu primeiro dia como presidente, resolveu mudar essa realidade ao assinar uma ordem executiva que visa acabar com a cidadania automática para filhos de estrangeiros que nascem nos EUA. A nova regra entrará em vigor exatamente no dia do nascimento de Lívia, em 20 de fevereiro.

Lavínia, ciente dos riscos, ainda espera uma reversão judicial dessa medida. "Estamos apreensivos, mas acreditamos que isso pode levar tempo para se concretizar", confessa a futura mamãe. Ela e seu esposo planejam voltar ao Brasil 58 dias após o nascimento.

A escolha pelo 'turismo de nascimento' é impulsionada pelo desejo de garantir aos filhos um passaporte americano, mudando suas vidas de forma significativa. Segundo Wladimir Lorentz, pediatra e fundador da agência Ser Mamãe em Miami, em torno de 250 mulheres optam por esse serviço anualmente, com mais da metade delas sendo brasileiras. Muitas investem valores que começam em R$ 100 mil.

Vários famosos também aderiram a essa prática, como as cantoras Claudia Leitte e Simone Mendes, que também optaram por dar à luz em solo americano. Entretanto, a nova ordem de Trump gera incertezas para essas mães e suas famílias.

Especialistas em imigração, como Albert Resende, afirmam que o 'turismo de nascimento' não é ilegal conforme as leis atuais. Contudo, a preocupação é que a nova regra afete não apenas turistas, mas também imigrantes que vêm aos EUA com visto de estudante ou outros vistos temporários. A CEO de uma agência de imigração, Leda Almeida, ressalta que a indústria do turismo de parto pode ser fortemente afetada, levando muitos casais a reavaliar seus planos.

Os defensores da nova medida de Trump argumentam que a cidadania automática incentiva a imigração ilegal, enquanto os opositores defendem que esse direito é garantido pela 14ª Emenda da Constituição dos EUA, que prevê que todas as pessoas nascidas no país são cidadãs.

A controvérsia em torno do 'turismo de nascimento' não é recente. Em 2015, Trump já havia manifestado vontade de acabar com a cidadania automáticas, mas não teve sucesso. A situação atual sugere que novas batalhas judiciais devem emergir, já que entidades como a American Civil Liberties Union e uma coalizão de estados democratas já processaram o governo por essa ordem executiva.

Ainda não há clareza sobre como essa mudança afetará o processo de obtenção de vistos para gestantes. A Embaixada dos EUA em Brasília espera diretrizes de Washington antes de se manifestar. Entretanto, recomendações anteriores já dificultaram a emissão de vistos para mulheres grávidas com intenção de dar à luz nos EUA.

De acordo com a mais recente estimativa, cerca de 2 milhões de brasileiros residem nos EUA, com cerca de 600 mil na Flórida, tornando esta prática de 'turismo de nascimento' bastante comum entre famílias brasileiras.

A prática de 'turismo de nascimento' é uma forma de garantir direitos e um futuro melhor para as crianças, mas agora, com a nova ordem de Trump, isso está cada vez mais em risco, aumentando a incerteza e a ansiedade entre muitas famílias brasileiras que sonham em dar um novo rumo à vida de seus filhos.