Trump: A Revolução Política que Mudou o Jogo nos Estados Unidos
2024-11-08
Autor: Lucas
No dia 6 de janeiro de 2021, o então vice-presidente Mike Pence cumpriu sua obrigação e, contrariamente ao desejo de Donald Trump, certificou a vitória de Joe Biden. Agora, com a possível vitória de Trump marcada para o próximo dia 6 de janeiro, Kamala Harris, a vice-presidente derrotada, poderá certificar a vitória do ex-presidente. Esse dia se torna emblemático, especialmente se considerarmos 6 de janeiro de 2017, quando Biden, na época vice-presidente de Obama, já havia realizado o mesmo para Trump.
Por muitos anos, Trump foi visto como um desvio temporário na trajetória política dos EUA. Porém, a discussão atual aponta que a presidência de Biden pode ser vista como uma pausa breve na era que se iniciou com a surpreendente derrota de Hillary Clinton em 2016. A vitória de Biden foi facilitada pela pandemia de Covid-19, mas desde a eleição de 2016, o tradicional equilíbrio político nos EUA começou a se desmoronar.
A revolução tecnológica e a globalização impactaram profundamente o mercado de trabalho, com muitas empresas buscando reduzir custos de produção, relocando seus negócios para regiões como a Ásia ou o México. Este movimento levou a uma desindustrialização na América, enquanto a economia digital teve um crescimento exponencial, sustentada por significativos investimentos de capital de risco. Como resultado, o cenário econômico dos EUA se bifurcou, dividindo ainda mais a classe dos mais educados e as que possuem apenas o ensino médio. Esse novo panorama foi propício para o surgimento de Trump como uma figura política relevante.
Com a desindustrialização, a coalizão que historicamente sustentava o Partido Democrata - composta por trabalhadores sindicalizados, afro-americanos e hispânicos - começou a enfraquecer. O Partido Democrata tornou-se o refúgio da classe média dinâmica das grandes cidades, focando em questões como crise ambiental e direitos reprodutivos. Em contrapartida, Trump identificou essa mudança como uma oportunidade para reinventar o Partido Republicano.
Sob a bandeira do Maga (Make America Great Again), Trump derrubou a velha estrutura liberal-conservadora do partido, criando uma nova face nacional-populista que fala diretamente às inseguranças econômicas da antiga classe trabalhadora. Este novo partido não se apega às discussões sobre diversidade ou direitos identitários, mas sim às questões cotidianas, como o preço dos alimentos e as hipotecas.
O apelo do Maga vai além da tradicional classe média branca do interior, atingindo agora o eleitorado hispânico, que anteriormente era um bastião do Partido Democrata. Este movimento, embora em menor escala, também começa a aparecer entre eleitores negros, mostrando que a retórica de Trump tem ressonância com grupos que antes se opunham fortemente a ele. Por isso, de certa forma, o Maga pode ser considerado um movimento inclusivo, que busca restaurar a segurança econômica em tempos de incerteza.
À medida que o ciclo eleitoral avança, a dinâmica política nos EUA promete ser ainda mais polarizada. O que isso significa para o futuro da democracia americana? Afinal, os ventos da mudança já sopram e podem ter consequências de longo alcance para todos.