
Transplante Parcial de Coração Salva Bebê de 17 Dias e Pode Mudar o Futuro das Cirurgias Cardíacas
2025-08-28
Autor: Fernanda
Em um feito notável, Owen, um bebê de apenas 17 dias, recebeu um transplante parcial de coração nos Estados Unidos, uma inovação que pode revolucionar as cirurgias cardíacas. Essa técnica, proposta pelo Dr. Joseph Turek, líder da cirurgia cardíaca pediátrica na Universidade Duke, combina válvulas, artérias, veias e músculos de um órgão doador para reparar corações afetados por defeitos congênitos.
Os médicos costumam enfrentar grandes desafios ao tratar problemas como o truncus arteriosus, um defeito cardíaco que possui uma alta taxa de mortalidade nos primeiros meses de vida. A coragem dos pais de Owen, Tayler e Nick Monroe, de arriscar essa cirurgia inédita abriu novas portas na medicina.
Realizada em 22 de abril de 2022 após oito horas de operação, a intervenção se transformou em um sucesso inédito, tornando Owen um dos menos de 50 casos no mundo a passar por esse tipo de procedimento. Um estudo recente no Journal of the American Medical Association documenta a evolução e os resultados positivos não apenas de Owen, mas de outros 18 pacientes.
Diferente dos transplantes tradicionais, que trocam um coração doente por um saudável, a abordagem de Turek utiliza partes do coração doador para substituir as seções comprometidas, dando nova vida e esperança a bebês com problemas cardíacos graves.
Esse novo método abre discussões importantes sobre o aproveitamento de órgãos de doadores, já que cerca de 43% dos corações de doadores jovens são desconsiderados. O Dr. Taufiek Konrad Rajab, cirurgião cardiotorácico, ressalta que se esses corações fossem utilizados para transplantes parciais, muitas vidas poderiam ser salvas.
Uma das grandes vantagens desta inovação é que as válvulas transplantadas têm a capacidade de crescer junto com o paciente, um avanço significativo em comparação às próteses mecânicas ou de tecido que não possuem essa característica.
Embora a técnica ainda esteja sendo avaliada e a eficácia a longo prazo seja incerta, os resultados preliminares são promissores. Em um dos casos estudados, as válvulas de bebês conseguiram dobrar de tamanho em menos de um ano.
Porém, toda cirurgia requer monitoramento cuidadoso. Apesar de os transplantes parciais apresentarem menos risco de complicações com a imunossupressão, a necessidade de medicamentos para controlar o sistema imunológico ainda é uma preocupação.
À medida que a técnica avança, seus potencialidades se expandem. A possibilidade de utilizar essa abordagem para transplantar vasos cardíacos e até câmaras inteiras do coração está no horizonte. Rajab afirma que, em teoria, quase qualquer parte do coração poderia ser transplantada.
Hari e Nick vibram ao ver Owen se desenvolvendo e se divertindo, e estão cientes de que são pioneiros nesse tratamento inovador. Owen, com 3 anos e meio hoje, vive uma vida cheia de alegria e atividades, como construir torres de blocos e correr pela casa.
"Ele quer ser engenheiro quando crescer", compartilha sua mãe, orgulhosa, enquanto Owen se prepara para começar a pré-escola. Mesmo enfrentando um futuro incerto em relação à durabilidade de suas válvulas, a família Montes está convicta de que, independentemente do que acontecer, Owen já é um vencedor.