Introdução

José Victor Miranda, um motoboy de 30 anos e pai dedicado de um menino de sete, era conhecido por todos como "um cara do bem". Na madrugada deste domingo (27), ele se tornou uma das vítimas mais recentes da violência entre torcidas organizadas, sendo assassinado em uma emboscada na rodovia Fernão Dias, em São Paulo.

O Amor pelo Futebol e os Riscos Envolvidos

Residente em Sete Lagoas, no sudeste de Minas Gerais, José Victor não hesitava em deixar de lado seus compromissos para acompanhar seu amado Cruzeiro por todo o Brasil. Ele era um dos líderes da torcida organizada Máfia Azul e, apenas dois meses atrás, teve a emoção de levar seu filho para assistir ao primeiro jogo do clube no Mineirão, em Belo Horizonte — um momento que, segundo familiares, ficará eternamente em sua memória.

Apesar do amor pelo futebol e pela torcida, preocupações surgiam em torno do envolvimento dele com a Máfia Azul. José Victor havia mencionado ameaças recebidas através das redes sociais, e seu pai frequentemente o aconselhava a se distanciar do grupo.

A Tragédia

Tragicamente, José Victor perdeu a vida por volta das 5h da manhã, no quilômetro 65 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, após uma violenta briga entre torcedores do Cruzeiro e do Palmeiras. Além dele, ao menos 20 pessoas ficaram feridas, sendo que sete sofreram traumatismo craniano e uma mulher foi baleada, mas não corre risco de morte. Todos os feridos, todos torcedores do Cruzeiro, foram levados a hospitais na região, enquanto os agressores fugiram antes da chegada da polícia. Até o momento, nenhuma prisão foi efetuada.

O Confronto

O confronto, que envolveu cerca de 120 indivíduos, teve início quando o ônibus da Máfia Azul foi interceptado pela Mancha Verde. O ataque é considerado um revide a uma briga anterior, ocorrida em setembro de 2022, na mesma rodovia, em território mineiro. Entre os agredidos naquela ocasião estava o atual presidente da Mancha, Jorge Luis.

Detalhes do Ataque

Na emboscada deste domingo, a torcida do Cruzeiro retornava de um jogo contra o Athletico Paranaense, enquanto o Palmeiras havia jogado contra o Fortaleza na cidade de São Paulo. De acordo com Rena Bohus, advogado dos torcedores cruzeirenses, eles estavam dormindo no momento do ataque, que começou com rivais lançando pregos na estrada e, depois, coquetéis molotov e outros objetos, culminando na invasão do ônibus.

Reações e Consequências

O Ministério Público de São Paulo classificou o ataque como "selvageria" e anunciou que tratará a Mancha Verde como uma organização criminosa. Em declaração, foi ressaltado que tal episódio é inaceitável e que a segurança pública e a convivência pacífica na sociedade devem ser preservadas. A Procuradoria-Geral de Justiça determinou que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) conduza as investigações.

O Ministério Público de Minas Gerais se comprometeu a apoiar as vítimas e seus familiares nesse momento delicado.

Manifestação de Autoridades

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), manifestou seu repúdio ao ataque, enfatizando que o futebol deve ser um símbolo de união e não de violência, e prometeu que punições severas serão aplicadas aos responsáveis.

A Nota do Cruzeiro

Em nota, o Cruzeiro lamentou a tragédia e reforçou que não há mais espaço para a violência no futebol, um esporte que deve unir paixões e multidões. "Precisamos dar um basta a esses atos criminosos", destacou.