Na manhã deste sábado (4), o Corpo de Bombeiros encontrou os corpos de dois jovens no Açude do Prata, localizado no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife. A tragédia ocorreu após uma tentativa de assalto que culminou em desespero e afogamento na tarde da última quinta-feira (2).

Os jovens, identificados como Renan da Silva Carvalho, de 21 anos, e Alexandre dos Santos Pereira Filho, de 23 anos, estavam com um grupo de amigos quando foram abordados por quatro homens armados e encapuzados. Segundo o entregador Efrain Francisco, de 22 anos, que estava presente no momento, os assaltantes ordenaram que todos pulassem no açude.

"Foi um desespero total. Eles mandaram a gente pular, e eu vi meu amigo Alexandre começar a se afogar. Eu tentei ajudá-lo, mas não consegui e acabei indo em direção ao mato", relatou Efrain, que presenciou a cena aterrorizante.

Os criminosos não apenas pularam os jovens no açude, mas também roubaram três bicicletas, celulares, carteiras e roupas das vítimas. Após o assalto, as buscas pelos corpos começaram e se estenderam durante todo o dia seguinte, até que foram finalmente encontrados por volta das 10h20 deste sábado.

Em um desabafo emocional, Nayla Larissy Teixeira, esposa de Renan, contou que seu marido já estava nadando para sobreviver quando os assaltantes ainda tentaram convencê-los de que não tinham a intenção de matar. Ela enfatizou a fragilidade da situação: "Meu marido estava se afogando e tentando sobreviver, mas ficou exausto. Eles disseram que apenas queriam os pertencentes deles, mas foi algo muito mais grave."

A equipe de operações e salvamento do Corpo de Bombeiros enfrentou desafios para a recuperação devido à vegetação densa que envolve o local. O tenente Ednelson alertou sobre a complexidade da operação: "A vegetação dificultou muito nosso trabalho. Fomos chamados para atender a uma ocorrência de afogamento e rapidamente mobilizamos uma equipe tática de mergulho."

Diante da gravidade do caso, a Polícia Civil de Pernambuco já instaurou um inquérito para investigar as circunstâncias do assalto e afogamento, buscando justiça para as vítimas e suas famílias. A comunidade local está em choque e muitos se perguntam como uma situação tão violenta pôde ocorrer em um ambiente que deveria ser seguro.

Essa tragédia traz à tona não apenas a necessidade de segurança nas áreas públicas, mas também a urgência de um debate mais profundo sobre violência e criminalidade que aflige diversas comunidades no Brasil. O que pode ser feito para evitar que tragédias como essa voltem a ocorrer? A discussão está aberta.