Uma tragédia abalou a cidade de Butiá na manhã desta terça-feira (21) quando o policial civil Daniel Abreu Mendes, de 40 anos, foi fatalmente baleado durante uma operação de busca e apreensão. O incidente ocorreu enquanto os policiais tentavam cumprir um mandado envolvendo uma mulher de 26 anos, suspeita de tráfico de drogas. Ao chegarem na residência, um morador, que foi identificado como um adolescente de 17 anos, disparou contra o agente, resultando em ferimentos fatais.

Um dos pontos mais chocantes do episódio é que uma criança de apenas seis anos, filha da suspeita, estava presente na casa e foi atingida de raspão na cabeça, mas felizmente não sofreu ferimentos graves. As informações foram confirmadas pelo delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

"A polícia se apresentou, mas mesmo assim ele disparou", destacou Sodré, ressaltando a gravidade da situação. Daniel estava usando um colete à prova de balas, mas a zona atingida, próxima ao lateral do corpo e no pescoço, não dispunha de proteção. A arma utilizada pelo adolescente era uma pistola semiautomática com um carregador estendido, transformando-a em uma verdadeira ameaça em um ambiente já volátil.

O delegado regional, Nedson Ramos, informou que o adolescente já tinha um histórico criminal, tendo sido apreendido anteriormente por tentativa de homicídio e posse de arma. A situação evidencia a crescente preocupação com a atuação de jovens em atividades criminosas na região.

Daniel Abreu Mendes, natural de Brasília, entrou para a Polícia Civil em maio de 2023 e, desde então, trabalhou na delegacia de Guaíba. Ele deixa esposa e uma filha de 15 anos. As duas estavam passando férias em Brasília quando a tragédia ocorreu.

Colegas e superiores chamaram a atenção para a dedicação e o bom humor de Daniel, que era conhecido por seu sorriso e pela disposição em ajudar. A delegada Karoline Callegari lamentou a perda, dizendo que ele era um grande colega, sempre disposto a alegrar os ânimos da equipe.

Homenagens começaram a surgir rapidamente após a notícia de sua morte. O governador Eduardo Leite manifestou suas condolências nas redes sociais, descrevendo Daniel como um herói que perdeu a vida em cumprimento do dever a serviço da sociedade. As principais instituições policiais do estado reiteraram a importância da contribuição de Daniel para a segurança pública e lamentaram profundamente a violência que levou à sua morte.

A operação em Butiá envolvia cerca de 60 policiais e visava desmantelar redes de tráfico que têm proliferado na região, um fenômeno alimentado pela proximidade de rotas de tráfico, especialmente na BR-290. Ramos ressaltou que, apesar de Butiá ser uma cidade pequena, a disputa pelo controle do tráfico entre facções criminosas é alarmante, e a ação da polícia é constante para conter o avanço dessa criminalidade.

O corpo de Daniel será levado para Brasília, onde receberá as homenagens de seus colegas da Polícia Civil do Distrito Federal. A perda é uma dolorosa lembrança dos riscos que os agentes de segurança enfrentam diariamente na luta contra o crime organizado.