Mundo

Tensões Aumentam e Incertezas Sobre a 'Guerra de Sete Frentes' de Israel

2024-09-17

Em dezembro do ano passado, a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza já tinha completado dois meses, e o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, destacou em uma reunião no Knesset que o país enfrenta ameaças em sete frentes: Gaza, Cisjordânia, Líbano, Síria, Iraque, Iémen e Irã.

Desde outubro de 2023, forças iranianas e grupos apoiados por Teerã têm trocado ataques com Israel e seus aliados, incluindo os Estados Unidos, que responderam a ataques de milícias em suas bases no Iraque. Embora a maioria dos ataques tenha sido pontual, houve uma escalada em alguns cenários, como em Gaza e na Cisjordânia, onde os confrontos passaram a ser terrestres. Recentemente, houve um intenso intercâmbio de bombardeios entre Israel e o Hezbollah ao longo da fronteira com o Líbano.

Neste contexto de crescente hostilidade, o governo libanês e o Hezbollah acusaram Israel de ser responsável por explosões em várias regiões do Líbano, resultando em mortes e feridos. Antes desses eventos, Benjamin Netanyahu já havia sinalizado uma possível incursão terrestre mais ampla para acabar com as hostilidades com o Hezbollah, que desde o ano passado já deixou centenas de mortos e deslocou mais de 200 mil pessoas de ambos os lados da fronteira, marcando o pior conflito desde a guerra de 2006.

As tensões aumentaram ainda mais após um ataque com mísseis realizado pelos rebeldes houthis do Iémen contra Israel, um incidente inédito que despertou promessas de represálias severas por parte de Netanyahu, que afirmou que os agressores "pagariam um alto preço".

Uma questão crucial é se Israel teria condições de conduzir uma guerra terrestre simultaneamente em várias frentes e sair vitorioso. A primeira preocupação diz respeito ao efetivo necessário para essas operações. Rumores indicam que Israel estaria recrutando requerentes de asilo africanos em troca de residência permanente, evidenciando a necessidade de preparar-se para conflitos prolongados.

Outra dúvida importante é sobre a capacidade de armamentos e a estrutura necessária para sustentar uma guerra expandida. A pressão internacional sobre Israel tem aumentado, com aliados como Canadá e Reino Unido suspendendo envios de armas e os Estados Unidos frequentemente fazendo o mesmo.

Do ponto de vista econômico, especialistas apontam que Israel pode precisar investir até 10% do seu PIB em defesa. Essa movimentação representaria uma perda significativa de riqueza e demanda para que o país encontre maneiras de financiar essas despesas.

Além disso, o apoio da população israelense à expansão do conflito é incerta. Com muitos clamando por negociações e por um cessar-fogo, a tendência de pressão popular contra uma escalada militar aumenta. O major da reserva, Nelson Ricardo Fernandes Silva, destaca que as democracias enfrentam dificuldades em manter o apoio público quando a guerra começa a impactar diretamente a vida das pessoas sem uma solução clara no horizonte.

O especialista também observa que a manutenção de uma guerra consome recursos valiosos como energia, alimento e mão de obra. Com uma população em torno de 9 milhões, há limites para a duração de um conflito intenso. A análise sobre o desinteresse dos aliados e a flutuação do apoio internacional também se tornam abordagens relevantes, já que o envolvimento externo pode mudar com o tempo, dependendo da situação política interna de cada país aliado e da opinião pública global.

Por fim, especialistas alertam que a situação atual pode se arrastar por anos, como mostrado no caso do Afeganistão, e que Israel deve se preparar para considerar o nível de apoio externo e as opiniões internacionais ao tomar decisões cruciais para o futuro do conflito.