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Taxas do Tesouro IPCA+ em alta: É hora de investir com segurança?

2024-11-12

Autor: Mariana

Nos últimos tempos, uma remuneração de IPCA+7% para títulos do Tesouro Direto parecia uma promessa distante. No entanto, em outubro de 2023, esse já é um patamar alcançado em alguns títulos, tornando-os irresistíveis para investidores cautelosos.

Atualmente, o Tesouro IPCA+2029, que vence em maio de 2029, está sendo negociado com uma remuneração de IPCA + 6,81%. O título mais longo, com vencimento em 2055, oferece uma remuneração de IPCA + 6,6%. Este aumento na atratividade surge em meio a um ambiente de expectativa de inflação fora do controle, com especialistas prevendo que o IPCA de 2024 possa ultrapassar a meta definida em 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Entretanto, as preocupações fiscais continuam a ser um tema relevante, com profissionais do mercado manifestando dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir metas fiscais e ajustar as contas públicas. Camilla Dolle, Head de Research de Renda Fixa, observa que o compromisso do governo com o controle de gastos ainda é incerto e que a percepção de risco no Brasil está em alta. "O juro nominal já está em 13% e alguns títulos estão sendo negociados até acima disso", afirma.

Os economistas estão projetando uma inflação de 6% para este ano, muito acima das estimativas do Boletim Focus, que aponta 4,6%. Para a Selic, as previsões apontam para 11,75% neste ano e 12% no próximo, com um viés altista que pode levar a uma revisão das taxas para cima.

Alternativas de investimento no Tesouro Direto

No Tesouro Direto, além do IPCA+, há opções interessantes para aqueles que não acreditam em elevações drásticas da inflação. Por exemplo, o Tesouro Prefixado 2027 garante uma rentabilidade anual de 13,23%, o que transformaria um investimento de R$ 100 mil em cerca de R$ 129 mil em três anos, superando a rentabilidade de CDBs e da Poupança.

Oswaldo Meireles, planejador financeiro CFP, destaca que esse nível de remuneração nos títulos do Tesouro é raro e só foi observado em momentos de crise econômica no passado, como em 2015 e 2016, o que provoca incertezas e oscilações nos investimentos. Ele acredita que o momento atual pode ser uma oportunidade, especialmente para aqueles que têm liquidez e perfil para tolerar riscos.

Contudo, é crucial lembrar que a rentabilidade dos títulos não é linear e há volatilidade. Caso um investidor deseje vender antes do vencimento, o valor dependerá do que o mercado estiver disposto a pagar, podendo resultar em perdas.

Expectativas em relação ao Banco Central

Recentemente, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, mencionou que a inflação está 'desancorada', enfatizando a necessidade de novas medidas fiscais para permitir uma política monetária menos rigorosa. Essa postura é refletida nas recentes decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar os juros.

Cassiana Garcia, do The Hill Capital, observa que a inflação deve se ajustar ao teto, mas não vê isso como um risco imediato, uma vez que acredita que o Banco Central poderá manejar a situação para evitar maiores aumentos inflacionários.

Finalmente, é importante considerar alternativas de investimentos além do Tesouro Direto. Títulos isentos de impostos, que apresentam rating AAA e vencem em até 10 anos, podem ser uma opção valiosa. Esses instrumentos raramente são mencionados, mas podem se tornar um excelente complemento na diversificação de investimentos.