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'Tarifaço' de Trump: O Que Isso Significa para o Consumidor Brasileiro?

2025-04-06

Autor: Mariana

As tarifas de 10% impostas pelo presidente Donald Trump sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, anunciadas na semana passada, começaram a valer no último sábado (5). Embora essa medida traga incertezas para a economia do Brasil, que conta com os EUA como seu segundo maior parceiro comercial, ela pode ter um efeito inesperadamente benéfico: a desaceleração da inflação no país.

O que realmente aconteceu?

As novas tarifas de 10% são as menores que o governo americano impôs no chamado 'tarifaço', que afeta países com déficit comercial com os EUA. Produtos como petróleo bruto, aço, aeronaves e café torrado, que anteriormente estavam livres de taxas, agora serão atingidos. Trump justificou essa decisão como um ato de "reciprocidade" em relação às tarifas já existentes sobre produtos fabricados nos EUA.

Efeitos para o consumidor brasileiro

Mas quais são os efeitos para o consumidor brasileiro? De acordo com especialistas, o impacto direto no preço dos produtos não será significativo a curto prazo, porque a medida não afeta as importações que chegam ao Brasil. Gilberto Braga, professor do Ibmec, comenta que "o preço pago aqui não aumenta diretamente", enquanto Meireles, economista, reforça: "o brasileiro não deve sentir um aumento imediato devido a essa medida".

Além disso, o cenário propõe uma perspectiva para redução da inflação. Economistas acreditam que a busca por novos mercados pelos exportadores pode aumentar a oferta nacional de produtos. "Há a chance de um aumento na oferta local das categorias afetadas pelas tarifas e, com isso, o preço final para o consumidor pode até cair", sugere Braga.

Outro fator positivo para controlar a inflação brasileira é a maior disponibilidade global de produtos que foram taxados pelos Estados Unidos. "Ao perceberem que os preços vão aumentar nos EUA, os mercados europeu e asiático podem ver o Brasil como uma opção mais viável para seus produtos", reflete Isoppo, especialista em comércio exterior.

Considerações do Banco Central

Os alertas do Banco Central sobre o 'tarifaço' já estão sendo discutidos nas reuniões do Copom. Na última ata, os diretores enfatizam os desafios que esse cenário gerou e a preocupação com a incerteza da política comercial americana.

Esse estado de incerteza pode impactar diretamente o PIB (Produto Interno Bruto) nacional, que já enfrenta uma desaceleração devido à guerra comercial e à alta da taxa de juros, que permanece em dois dígitos. Isso porque qualquer barreira comercial tende a afetar as exportações, diminuindo a receita das empresas e inibindo novos investimentos, como explica Meireles.

Projeções sobre a economia brasileira

A possibilidade de que esta situação resulte em uma desaceleração mais acentuada da economia brasileira é real e pode levar a aumentos de preços em produtos que atualmente estão isentos de taxas. Afinal, a duração e a abrangência das medidas de Trump serão decisivas para o impacto econômico. Segundo cálculos de analistas, a variação do PIB deve girar em torno de 2% para este ano.

Embora não seja uma situação que levará a economia brasileira ao colapso, sem dúvida complicará sua trajetória. Menos dinheiro circulando significa menor potencial de crescimento para empresas que dependem do mercado norte-americano.