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Stuhlberger: Brasil 'quebra antes' de juros reais a 8% em 10 anos
2025-01-29
Autor: Pedro
Luís Stuhlberger, renomado gestor da Verde Asset, fez um alerta contundente sobre a crescente crise da dívida pública no Brasil durante um evento promovido pelo UBS BB em São Paulo. De acordo com suas declarações, o país não conseguirá sustentar juros reais de 8% por uma década sem enfrentar uma catástrofe fiscal.
Stuhlberger destacou que, apesar da NTN-B 2035 estar oferecendo uma taxa de 7,85%, as expectativas para quem investir nesse título são sombrias. “Estou certo de que, se você comprar uma NTN-B e mantê-la até o vencimento, os juros não irão permanecer em 8% reais nos próximos 10 anos. O Brasil quebra antes”, afirmou, ressaltando suas preocupações com a capacidade do governo em honrar suas obrigações financeiras, especialmente em um cenário de juros elevados e dívida crescente.
Ele enfatizou a necessidade urgente de uma mudança estrutural na política fiscal do país, alertando que a pressão sobre os títulos públicos pode se intensificar, exigindo uma abordagem drástica por parte do governo. Para ele, mudanças significativas são inevitáveis. “Alguma coisa vai ter que acontecer, e vai acontecer”, previu Stuhlberger.
A atual situação econômica foi comparada a um "piquenique à beira do vulcão", onde os altos juros se tornam atraentes para os investidores, mas a sustentabilidade desse ambiente é incerta. Stuhlberger mencionou que com taxas de juros futuras possivelmente chegando a 15% ou 16%, o mercado de renda fixa se torna extremamente sedutor. No entanto, questionou a viabilidade desse cenário, afirmando: “Juros perto de 15%, 16%, evidentemente é um piquenique à beira do vulcão. Enquanto o dólar permanecer estável e não houver más notícias, quem não gostaria de uma CDI líquida de 15% com produtos isentos por aí?”
As preocupações sobre a alta da dívida pública e a falta de clareza em relação aos cortes de gastos do governo foram destacados como razões para o aumento dos juros futuros. Embora a promessa de isenção para aqueles que ganham até R$ 5 mil possa ser cumprida, a tributação sobre rendas mais elevadas pode encontrar resistência no Congresso, aumentando a incerteza fiscal no país.
Essas declarações de Stuhlberger acendem um alerta para o futuro econômico do Brasil, um país que enfrenta desafios complexos em sua política monetária e fiscal. O mercado deve ficar atento aos desdobramentos e possíveis mudanças que possam ocorrer em um cenário econômico tão volátil.