Saúde

Sobrevivente de AVC: Como Daniela Rocha Pina Transformou Sua Vida Após Três AVCs no Pós-Parto

2024-10-29

Autor: Fernanda

Nesta terça-feira (29), em celebração ao Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), Daniela Rocha Pina, uma mãe corajosa de 37 anos, compartilha a impactante narrativa de sua luta contra a doença após o parto da sua segunda filha, Catarina, de apenas 2 anos. Daniela sofreu não um, mas três AVCs em um curto período, trazendo à tona questões cruciais sobre a saúde materna e a conscientização sobre os sinais de alerta do AVC.

A saga de Daniela começou na madrugada do dia 12 de março de 2022, exatamente sete dias após a chegada de Catarina. Enquanto tentava acalmar sua bebê que chorava, Daniela começou a notar sinais estranhos, como baba que escorria pelo rosto da criança. "Na minha cabeça, eu achava que era apenas cansaço. Afinal, eu estava nos primeiros dias com a bebê, enfrentando a privação de sono", recorda.

Mas a realidade era muito mais grave. Após várias tentativas de lidar com os sintomas, incluindo perda de força na perna esquerda e dores de cabeça insuportáveis, Daniela foi ao hospital onde, mesmo com diagnósticos iniciais tranquilizadores, ela persistia em sentir que algo estava errado. Após uma avaliação neurologista e exames, o terrível diagnóstico de AVC hemorrágico foi confirmado.

"Eu não sabia sequer o que era um AVC. Ir para a UTI parecia algo tão distante da minha realidade", desabafa. E essa nova realidade se tornaria ainda mais chocante quando, durante uma nova ressonância, resultados alarmantes mostraram que ela tinha sofrido mais dois AVCs, afetando uma parte significativa de seu cérebro.

O tratamento foi intenso. "Eu recebi medicamentos intravenosos para controlar a pressão intracraniana e a dor. Era tudo muito confuso, porque nunca imaginei que, com a minha idade e estilo de vida saudável, eu poderia passar por isso", diz Daniela, expressando a frustração e o desespero que vivenciou durante sua internação.

Seu recuperação foi um caminho árduo. Restrita a uma cama e dependente de cuidados básicos, ela lutou contra a dor e a perda de interação com seus filhos. "Sentia muita saudade e medo de não conseguir voltar a vê-los", revela. Eventualmente, a condição foi diagnosticada como Síndrome da Vasoconstrição Cerebral Reversível, uma condição rara que pode ocorrer em mulheres após o parto, e que, felizmente, permitiu que Daniela recuperasse sua saúde após 13 dias de internação.

Entretanto, a experiência deixou marcas profundas. Sua relação com a filha mais nova foi impactada, já que Catarina começou a se apegar mais ao pai e à avó durante aqueles dias críticos. Mesmo assim, Daniela se dedicou ao aleitamento materno e fez questão de estar presente, mesmo nas consultas médicas.

Hoje, a vida de Daniela é diferente. Ela adotou hábitos saudáveis rigorosos, incluindo uma dieta balanceada e exercícios físicos regulares. "A Daniela de hoje é uma versão melhorada da que eu era antes dos AVCs. Eu não via a vida da mesma maneira", confessa. No entanto, a trajetória de recuperação não foi apenas física; Daniela também enfrenta desafios emocionais e mentais. "As sequelas mentais podem ser invisíveis e complexas", diz. "Eu luto com oscilações emocionais e dificuldade de me expressar."

Portanto, a mensagem que Daniela deseja passar a outras mulheres que enfrentam ou enfrentaram o pós-parto é clara: não ignore os signos do corpo. "Se você sentir dor ao se movimentar ou dificuldades motoras, não hesite em ir ao hospital e exigir exames. O AVC não é uma doença restrita aos idosos. Reconhecer os sinais pode, em muitos casos, salvar vidas. Vamos nos cuidar e cuidar uns dos outros."

Daniela se tornou uma advogada da saúde materna e um exemplo de força. Sua história não apenas destaca os riscos do AVC, mas também a importância de uma rede de apoio na jornada da maternidade e recuperação.