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Síria: Protestos Cristãos Crescem Após Queima de Árvore de Natal

2024-12-24

Autor: Lucas

Protestos em massa tomaram as ruas da Síria entre a noite de segunda-feira (23/12) e a terça-feira (24/12), desencadeados pela viralização de um vídeo que mostrava a queima de uma árvore de Natal na cidade de Suqaylabiyah, uma localidade de maioria cristã no centro do país. Os manifestantes clamaram por ação das novas autoridades islâmicas para a proteção das minorias religiosas, após o ato considerado uma agressão direta a sua fé.

O vídeo, amplamente compartilhado nas redes sociais, exibia homens mascarados incendiando a árvore na praça principal da cidade. As reações não tardaram a surgir, e muitos pediram uma resposta firme do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o grupo islâmico que agora exerce influência sobre a região após a derrubada do governo de Bashar al-Assad.

Em coletiva, porta-vozes do HTS informaram que estrangeiros ligados ao ataque foram capturados e garantiram que as autoridades estariam tomando medidas para preservar os direitos das minorias religiosas na Síria, país de maioria muçulmana. As imagens mostraram um membro do HTS assegurando a multidão que a árvore incendiada seria reparada antes do amanhecer, e surpreendentemente levantou uma cruz, um gesto que contrasta com a postura de muitos grupos conservadores islâmicos.

Na terça-feira, os protestos se espalharam para a capital, Damasco, onde cidadãos no bairro de Kassa expressaram sua indignação e pediram a expulsão dos combatentes estrangeiros. Em uma demonstração de resistência, os manifestantes de Bab Touma exibiram cruzes e bandeiras sírias, entoando slogans que enfatizavam sua disposição de lutar pela sua fé no país que chamam de lar.

Georges, um dos manifestantes, declarou à agência de notícias AFP: "Se não podemos viver nossa fé cristã em nosso país, como sempre fizemos, então não pertencemos mais a este lugar". Esse sentimento de deslocamento e vulnerabilidade impulsiona muitos cristãos sírios a questionar seu futuro na terra que habitaram por gerações.

Com cerca de 10% da população síria composta por cristãos, a diversidade étnica e religiosa do país inclui também curdos, armênios, assírios, drusos e mulçumanos xiitas e sunitas, criando um complexo mosaico cultural que vive momentos turbulentos. A queda do regime de Assad há pouco mais de duas semanas trouxe à tona novas incertezas sobre o futuro da Síria. O HTS, antes visto como mera facção jihadista, agora toca em discursos mais moderados sobre a inclusão de todos os cidadãos no novo governo.

Os novos líderes do HTS afirmaram ter alcançado acordos com diversas facções para fundir suas forças sob o Ministério da Defesa com o intuito de formar um governo mais coeso. Contudo, a questão que paira sobre todos é: será que os direitos das minorias, em especial dos cristãos, serão efetivamente garantidos sob esse novo regime? A designação do HTS como uma organização terrorista por instâncias internacionais como a ONU e a União Europeia ainda complica o cenário, deixando os cidadãos em um estado de vigilância e expectativa quanto às promessas de um futuro mais inclusivo.