Exoneração e Polêmica Nomeação

Na última sexta-feira (25/10), o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro, Anderson Luis de Moraes, fez um movimento inesperado ao assinar a exoneração do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o renomado cientista Jerson Lima Silva. Com essa decisão, a presidência da Faperj deve ser transferida para Caroline Alves da Costa, atual líder da Faetec – Fundação de Apoio à Escola Técnica, que é considerada apadrinhada política do deputado estadual Dr. Serginho (PL). A confirmação da mudança, no entanto, ainda aguarda a assinatura do governador Cláudio Castro (PL).

Histórico Controverso de Caroline Alves

Caroline, na sua passagem pela Faetec, teve um episódio controverso em janeiro de 2023, quando solicitou ao então reitor da Uerj, Mário Sérgio Alves Carneiro, a retomada de um programa controverso que havia sido denunciado como base para ‘rachadinhas’ do governo estadual. Esse pedido, na época, foi prontamente negado, levantando suspeitas sobre a gestão da entidade sob sua liderança.

Irregularidades e Críticas

Um estudo recente realizado por Rubem Berta e Igor Mello revelou que o governo de Cláudio Castro havia articulado a liberação de impressionantes R$ 44,5 milhões para retomar o projeto de pesquisa da Uerj, que já estava sob investigação por irregularidades associadas a rachadinhas. O UOL destacou que entre as irregularidades estão as contratações de cabos eleitorais fantasmas ligados a deputados bolsonaristas, aliados do governador, e a utilização de recursos públicos de maneira duvidosa.

Preocupações da Comunidade Científica

Membros da comunidade científica já expressavam preocupações sobre a qualificação de Caroline para o cargo, citando que ela possui apenas um diploma de graduação em Pedagogia. Essa inquietação aumentou ainda mais na semana anterior à exoneração, quando o secretário manifestou seu desejo de nomear para a presidência da Faperj o empresário Alexandre Valle (PL), que, segundo críticos, não possui formação acadêmica adequada nem qualquer experiência relevante na área científica.

Protesto da Comunidade Científica

As falas e ações do secretário provocaram indignação maciça entre os cientistas, resultando em um protesto significativo na manhã de 24/10 em frente ao prédio da Faperj, que também abriga a SECTI. A mudança de comando é vista como uma ameaça à continuidade da excelência científica que a Faperj representa, considerando que, desde 2019, sob a presidência de Jerson, a instituição experimentou um crescimento e fortalecimento visíveis.

Contribuições de Jerson Lima Silva

Jerson Lima é reconhecido por sua vasta contribuição à ciência, com cerca de 230 publicações em periódicos internacionais e uma carreira marcada por distinções, como sua filiação à Academia Nacional de Medicina e à Academia Brasileira de Ciências. Ele implementou iniciativas significativas, promovendo a inclusão de jovens pesquisadores e o fortalecimento da participação feminina na ciência.

Reações das Instituições Respeitadas

As instituições mais respeitadas, como a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), se uniram em protesto, enviando cartas abertas ao governador, solicitando que reconsiderasse a exoneração em respeito às conquistas da Faperj nos últimos anos e à importância de manter lideranças competentes à frente das instituições de pesquisa.

Preocupação da Fiocruz

Além disso, a Fiocruz, uma das principais instituições de saúde do Brasil, manifestou sua preocupação com a mudanças na liderança da Faperj, destacando o impacto positivo de Jerson na promoção e reconhecimento das instituições de ciência e tecnologia do estado. A Fiocruz afirmou que a decisão do governo pode ter consequências graves para a pesquisa científica e a saúde pública no Rio de Janeiro.

Mobilização da Comunidade Científica

A comunidade científica também lançou uma petição online, exigindo a reversão da exoneração de Jerson Lima e a escolha de um líder qualificado para a Faperj. O cenário atual é alarmante e levanta questões cruciais sobre o futuro da pesquisa científica no estado, já que os avanços realizados nas últimas décadas podem estar em risco. O futuro da ciência e da inovação no Rio de Janeiro dependerá das decisões a serem tomadas nos próximos dias.