Ciência

Saara: de exuberante savana a deserto, o lar de uma linhagem humana isolada

2025-04-07

Autor: Lucas

O deserto do Saara, conhecido por sua aridez e desolação, já foi um dos ambientes mais vibrantes da Terra. Estendendo-se por uma vasta área no norte da África, que abrange partes de 11 países, sua dimensão é comparável à da China ou dos Estados Unidos. No entanto, há cerca de 14,5 mil a 5.000 anos, essa região era uma exuberante savana verde, repleta de vida e lagos.

Pesquisadores descobriram, através de análises de DNA, que dois indivíduos que viveram no que hoje é a Líbia há aproximadamente 7.000 anos pertenciam a uma linhagem humana isolada que se manteve afastada do restante do mundo. Essa descoberta é extraordinária, pois revela um capítulo pouco conhecido da história genética da humanidade.

O estudo, liderado pelo pesquisador Johannes Krause, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, e publicado na revista Nature, destaca que os restos encontrados em um abrigo rochoso chamado Takarkori incluem os mais antigos vestígios humanos mumificados conhecidos. Na época, essa região era uma savana verdejante ao invés do deserto árido que conhecemos hoje.

Os genomas analisados mostraram que esses indivíduos representavam uma linhagem distinta, não identificada previamente, que permaneceu genética e culturalmente isolada das populações subsaarianas e eurasiáticas. Interessantemente, o povo de Takarkori não apresentou influências genéticas significativas de outras populações do sul da África ou dos grupos do Oriente Médio e da Europa pré-histórica, indicando um longo período de isolamento.

Evidências arqueológicas sugerem que esses antigos habitantes eram pastores, domestiquando animais em sua vida diária. Ferramentas feitas de pedra, cerâmica, cestos, tecidos e estatuetas foram encontradas, revelando uma cultura rica e desenvolvida, adaptada a um ambiente que, na época, era muito diferente do Saara atual.

A linhagem de Takarkori parece ter raízes que remontam ao norte da África, datando de cerca de 50 mil anos, período em que outras linhagens humanas começaram a migrar para fora do continente africano. O que intrigou os pesquisadores é como essa linhagem permaneceu isolada por tanto tempo, mesmo com a chegada de novos grupos da região do Mediterrâneo Oriental e posteriormente da Ibéria e Sicília.

O Saara, que se transformou no maior deserto quente do mundo por volta de 3.000 a.C., fez com que os habitantes da savana desaparecessem, mas seu legado genético sobrevive entre vários grupos do norte da África até hoje, conforme ressaltado por Krause. A análise do DNA antigo não apenas nos oferece novas perspectivas sobre a diversidade geneticamente rica da região, como também nos convida a refletir sobre o impacto das mudanças climáticas na evolução humana.

Portanto, mesmo que a civilização daquele povo tenha chegado ao fim, suas histórias e contribuições ainda ecoam na diáspora genética dos habitantes do norte da África. Um lembrete poderoso de que nossa história é interconectada e cheia de surpresas!