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Roberto Campos Neto prevê cortes significativos nos gastos públicos no governo Lula!

2024-09-24

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, compartilhou sua visão otimista sobre o futuro fiscal do Brasil, indicando que o governo Lula deverá implementar cortes consideráveis nos gastos públicos para atender às metas fiscais dos próximos anos.

"O arcabouço atual demanda uma redução nos gastos. Embora não possamos prever exatamente o quanto será cortado, temos certezas de que haverá uma desaceleração nos gastos do governo," afirmou Campos Neto durante uma palestra no evento do Safra realizado na última terça-feira (24).

Na ata da reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada também nesta terça, o comitê destacou que espera um efeito benéfico da redução de gastos no combate à inflação, que continua preocupando a população e as autoridades.

O presidente do Banco Central também alertou sobre as expectativas em relação à inflação, que continuam acima da meta estabelecida pela instituição, o que gerou um certo desconforto. Ele mencionou a seca como um fator que impacta o aumento dos preços dos alimentos, agravando ainda mais a situação.

"A soma de diferentes expectativas de inflação trouxe um grande desconforto para o Banco Central. Observamos que as curvas de juros futuros se mantêm significativamente elevadas, distantes da nossa meta", comentou Campos Neto. Atualmente, a taxa de juros para janeiro de 2026 é de 12,25% ao ano, enquanto a taxa para dez anos está em 12,36%.

O presidente do BC classificou a avaliação do mercado sobre os juros futuros como exagerada, ressaltando que a função do Banco é interpretar esses dados, e não avaliar os preços do mercado diretamente. Ele apontou incertezas sobre a qualidade e a transparência das informações relacionadas aos gastos do governo, o que gera instabilidade nas projeções futuras.

"Estamos em um cenário global complexo, com muitos países lutando para alcançar resultados primários positivos. O Brasil não é exceção, e há um clima de dúvida em relação a novos gastos e programas que podem afetar a economia nos próximos anos," declarou Campos Neto.

Além disso, ele mencionou que historicamente, uma melhora nas contas públicas está atrelada a cortes de juros. Face ao aumento da inflação e preocupações com as expectativas econômicas, o Banco Central decidiu elevar a Selic em 0,25 ponto percentual na semana passada, alcançando 10,75% ao ano.

"Nas recentes reuniões do Copom, sentimos uma forte coesão entre os participantes e a necessidade de comunicar de forma clara o que estamos fazendo para o controle inflacionário," disse Campos Neto, enfatizando a importância da comunicação eficiente para a confiança do mercado.

Ao avaliar o crescimento econômico do Brasil, Campos Neto enfatizou que, apesar de haver sinais de melhora estrutural, ainda existem incertezas. "O crescimento atual parece estar acima do potencial, mas precisamos de mais clareza sobre as causas desse crescimento. Estamos tentando entender o impacto dos impulsos fiscais e os fatores estruturais que levam ao desenvolvimento econômico," concluiu Campos Neto.

Ele destacou que um crescimento robusto da economia, a despeito do potencial aumento da inflação, é um sinal positivo, especialmente quando acompanhado de um aumento na formação bruta de capital e um mercado de trabalho forte. "Os dados mostram que o consumo das famílias continua vigoroso, o que é um indicativo de resiliência na economia," finalizou.