
Revolução no Tratamento de Pacientes Pós-Infarto: Betabloqueadores São Ineficazes?
2025-09-01
Autor: João
Um novo estudo, intitulado REBOOT Trial, lançado recentemente, chacoalhou o mundo da cardiologia ao descobrir que os betabloqueadores, medicamentos frequentemente prescritos após infartos do miocárdio, podem não oferecer os benefícios esperados e, surpreendentemente, podem aumentar o risco para mulheres com função cardíaca preservada.
Descobertas Impactantes Apresentadas em Madri
Os resultados desse importante estudo foram revelados durante um evento do Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC 2025), em Madri, a cargo do prestigiado The New England Journal of Medicine (NEJM) e do European Heart Journal (EHJ). Reunindo 8.505 pacientes de 109 hospitais na Espanha e na Itália, a pesquisa dividiu os participantes aleatoriamente entre aqueles que receberam betabloqueadores e aqueles que não os tomaram após a alta hospitalar. O acompanhamento durou cerca de quatro anos e, para surpresa de muitos, não foram observadas diferenças significativas em mortalidade, novos infartos ou internações por insuficiência cardíaca entre os grupos.
Um Alerta Especial para Mulheres
O estudo trouxe à tona um dado alarmante: mulheres com fração de ejeção igual ou superior a 50% do ventrículo esquerdo apresentaram um risco absoluto de mortalidade 2,7% maior ao utilizarem betabloqueadores. Em contrapartida, os homens não mostraram um aumento semelhante de risco.
Mudanças Necessárias na Prática Clínica
O principal pesquisador, Borja Ibáñez, diretor de Pesquisa Clínica do CNIC e cardiologista do Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, afirmou que esses dados são decisivos e têm o potencial de revolucionar a prática clínica para pacientes com infarto do miocárdio e fração de ejeção preservada. Valentín Fuster, um dos líderes do estudo e renomado cardiologista, enfatizou a importância histórica da descoberta, considerando-o um dos ensaios clínicos mais significativos em cardiologia nos últimos anos.
Reavaliando Tratamentos Tradicionais
Os especialistas concordam que os betabloqueadores foram inseridos nas diretrizes de tratamento em uma época em que a cardiologia ainda lutava com recursos limitados. Com as terapias modernas e a revascularização precoce disponíveis atualmente, o papel desses medicamentos pode ser questionável. Vale ressaltar que o estudo foi realizado de forma independente, sem influências da indústria farmacêutica.
Uma Nova Era na Cardiologia!
Esses achados enfatizam a necessidade de reavaliar continuamente tratamentos tradicionais à luz dos novos avanços científicos. O REBOOT pode sinalizar uma mudança significativa na forma como abordamos o tratamento de cardiopatas, especialmente promovendo estratégias mais personalizadas e seguras, sobretudo para segmentos da população que enfrentam riscos maiores.