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O Google Maps não apenas fornece direções, mas está transformando a vida de milhares de moradores em favelas do Rio de Janeiro com o seu sistema de CEP digital. Wilson Rodrigues, gerente de parcerias do aplicativo, explica como funciona esse revolucionário código de localização. "Se você abrir o Google Maps no seu celular, pode encontrar o plus code da sua localização, em qualquer lugar que estiver. Até mesmo se estiver numa ilha no meio do oceano!" Essa inovação resume as coordenadas de latitude e longitude de um local em um código postal alfanumérico único.

Um investimento total de US$ 250 mil, equivalente a cerca de R$ 1,5 milhão, apoiou a iniciativa que pretende facilitar a entrega de produtos e serviços essenciais. Na Mangueira, o projeto já conseguiu emplacar 1.888 residências em locais como Candelária, Chalé e Olaria. As favelas do Caju e Tavares Bastos, no Rio, também foram beneficiadas, com a previsão de que a instalação nos lares do Vidigal seja concluída até o final de 2025. Até agora, 4.054 residências receberam suas placas com o novo código.

Os plus codes foram implementados em parceria com a Google e a ONG Gerando Falcões, junto com a logtech naPorta, que facilita as entregas para os moradores em áreas de difícil acesso. Associações locais têm um papel fundamental nessa implementação, mapeando e orientando sobre que locais podem ser emplacados. O feedback da comunidade tem sido, em geral, positivo: muitos já clamavam por essa melhoria.

"A ideia surgiu de uma demanda antiga da comunidade. O acesso à entrega de produtos facilita muito a vida dos moradores", comenta Kelly Louzada, fundadora da Associação de Meninas e Mulheres da Comunidade da Mangueira.

Estima-se que, até o fim do ano, mais de 20 mil moradores de Mangueira, Tavares Bastos, Urucânia, Caju e Vidigal conseguirão receber suas compras e até serviços de emergência como o Samu diretamente em suas casas.

"Antes, tinha que descer até os Correios ou encontrar minha encomenda embaixo. Agora, tudo chega na minha porta!" relata Viviane Areda, moradora da Mangueira.

O treinamento da naPorta é uma etapa crucial, onde os moradores aprendem a utilizar essas novas facilidades. Agora, ao fazer uma compra, eles podem simplesmente preencher o CEP digital ou mostrar um QR Code para os vendedores. Kelly afirma que, após uma curva de adaptação, as pessoas começaram a comprar e perceber que as entregas realmente chegavam.

"No início foi meio complicado, mas depois as encomendas começaram a fluir e eu carrego a placa comigo quando saio!" brinca a líder comunitária. O estudante Jorge Henrique Arruda, de 19 anos, também se mostra satisfeito com a facilidade trazida pelos plus codes, que agora evitam a confusão entre endereços e áreas de risco.

Com mais de 16,4 milhões de pessoas vivendo em favelas no Brasil, segundo o Censo de 2022, a importância do CEP vai muito além de ser apenas um endereço, sendo uma chave para acessar serviços públicos essenciais, matricular filhos em escolas e abrir contas bancárias.

Um plano ambicioso: Cem favelas em todo o Brasil.

Desde 2022, o uso do plus code já é uma realidade em São Paulo, onde favelas de várias regiões têm sido mapeadas e a população beneficiada. Mais de 14 mil residências já foram emplacadas, e o projeto se expandiu para cidades vizinhas como Santo André e Suzano. Na capital carioca, ações como o mapeamento do Morro do Vidigal estão nos planos, segmentando um impacto positivo para mais de 15 mil moradores e abrindo caminho para que o Google alcance pelo menos cem comunidades em todo o país nos próximos anos.