Rússia Revela Vacina contra o Câncer Colorretal Pronta para Uso

Em um anúncio surpreendente, a Rússia declarou que sua vacina contra o câncer colorretal está "pronta para uso" após resultados promissores em testes pré-clínicos. Veronika Skvortsova, chefe da Agência Federal de Medicina e Biologia (FMBA), fez o anúncio durante o Fórum Econômico do Leste, despertando expectativas e esperança global.

Tecnologia que Mudou a História da Medicina

O imunizante, desenvolvido pelo renomado Centro Gamaleya em parceria com instituições de pesquisa em Moscou, utiliza a inovadora tecnologia de RNA mensageiro (RNAm), a mesma que teve sucesso na luta contra a Covid-19. Diferente das vacinas preventivas tradicionais, esta é uma vacina terapêutica criada para ativar o sistema imunológico, ajudando-o a identificar e atacar células tumorais já existentes. Enquanto o foco inicial é no câncer de intestino, autoridades russas também estão investigando sua eficácia contra o glioblastoma (câncer cerebral) e melanoma (câncer de pele).

Cautela e Desconfiança Entre Especialistas

Apesar da expectativa gerada, o anúncio enfrenta ceticismo entre especialistas, que ressaltam a ausência de publicações em revistas científicas respeitáveis, um passo crucial para validar a confiabilidade dos resultados. Não está claro se o anúncio se refere apenas ao início dos ensaios clínicos em humanos ou se já existem planos para a aplicação direta em pacientes, o que violaria protocolos internacionais.

Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações, enfatiza a importância de que todo novo imunizante passe por rigorosas fases de testes clínicos (1, 2 e 3) antes de ser disponibilizado ao público, para garantir segurança e eficácia.

Cenário Internacional da Pesquisa sobre Vacinas contra o Câncer

Enquanto a Rússia enfrenta críticas por sua falta de transparência, outras iniciativas globais avançam de forma mais clara. A Moderna, em parceria com a MSD, já está na fase 3 dos testes de uma vacina contra o melanoma, com publicações no The Lancet revelando uma redução de até 62% no risco de metástases ou morte. Além disso, há pesquisas avançadas em andamento para vacinas contra câncer de pulmão e bexiga.

No Brasil, a Fiocruz está reiniciando um projeto de vacina com RNAm contra o câncer de mama em 2024, ainda em fase inicial. Especialistas acreditam que as primeiras vacinas terapêuticas contra tumores podem receber aprovação global até 2030, prometendo um futuro mais esperançoso na luta contra o câncer.