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Réveillon: O Despertar da Humanidade Contra a Indiferença

2025-01-01

Autor: Lucas

O que precisamos verdadeiramente em 2025 é um despertar coletivo, uma luta feroz contra uma das doenças mais mortais e silenciosas de nossa era: a indiferença.

Em 1999, o renomado Elie Wiesel, sobrevivente de Auschwitz e laureado com o Nobel da Paz, já nos advertia: "A indiferença é sempre amiga do inimigo, pois beneficia o agressor e não a vítima, cuja dor é aumentada quando ela é esquecida." Essa crença ecoa ainda mais forte em nossos dias, quando assistimos, apáticos, ao massacre de 14 mil crianças em Gaza, à morte de reféns israelenses, e à epidemia de violência armada que ceifa vidas nas escolas, especialmente nos Estados Unidos, mas que não recebe mais espaço nas manchetes.

As ruas de Nova York refletem uma realidade perturbadora: um número recorde de moradores de rua que não podem mais ser ignorados, enquanto a temperatura do planeta continua a quebrar recordes, evidenciando a gravidade da crise climática com a qual temos que lidar. Em 2024, registramos o ano mais quente da história, e isso deveria nos mobilizar em vez de nos deixar imunes à dor alheia.

Globalmente, todos os anos, a diarreia tira a vida de 440 mil crianças com menos de 5 anos. O que precisamos para mudar essa realidade não são remédios milagrosos, mas o que é básico: água limpa e saneamento adequado. Por que estamos anestesiados diante de tamanhos horrores?

A ascensão de populistas se deve em grande parte à indiferença dos partidos tradicionais, que trocaram sua missão de governar por uma mera obsessão pelo poder. Enquanto isso, charlatães e ilusionistas apresentam propostas sedutoras porém enganosas, explorando o sentimento de abandono dos cidadãos. Fica a lembrança de figuras que, diante do caos, se eximem de responsabilidade. Um certo capitão, por exemplo, lamentou: "não sou coveiro", enquanto os problemas sociais se multiplicam.

Despertar é urgente! Não se trata apenas de fazer doações de roupas usadas durante o Natal, mas de cultivar uma indignação saudável e acreditar que podemos mudar o mundo. É vital lembrar que cada pessoa em situação de rua representa uma falência da sociedade, e que a fome de um só ser humano não é apenas uma estatística, mas uma tragédia coletiva. A realidade é que o eixo da civilização está em risco — e, paradoxalmente, a verdadeira unidade deve ser encontrada na diversidade da humanidade.

Em 1961, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem no espaço, e sua maior surpresa não foi a vastidão do cosmos, mas a beleza do nosso planeta: a Terra. Esta ideia de ''overview effect'', cunhada anos depois pelo filósofo Frank White, nos convida a refletir sobre como a visão de nosso planeta do espaço pode gerar um espírito de despertar. Astronautas como Russell Schweickart, que viram a Terra do espaço, vivenciaram essa conexão profunda com seu terreno, mesmo em locais que nunca haviam pisado.

Não pretendo sugerir o fim do Estado-nação ou fazer apologia a ideais utópicos de John Lennon. Mas convido a reflexão: será que nossa lealdade se resume apenas a uma bandeira? O nacionalismo é realmente a solução adequada para enfrentar crises globais? Ou seria ele apenas uma limitação à nossa verdadeira essência como espécie?

Despertar contra a indiferença não é uma escolha. É a única via sólida para a paz e a justiça. A verdadeira transformação começa com o reconhecimento do outro, e este é o primeiro passo para salvar nosso planeta e nossa humanidade.