Reação da Direita ao Controle da Violência Policial: Uma Amostra de Ignorância?
2025-01-02
Autor: Ana
A recente reação de governadores de direita ao decreto federal que visa regulamentar o uso da força pela polícia é um reflexo preocupante da ignorância crescente em um país marcado pela violência e pela falta de respeito aos direitos humanos.
Em São Paulo, Tarcísio de Freitas, um notório aliado do bolsonarismo, tem se destacado não apenas por sua atuação na segurança pública, mas também por suas declarações polêmicas. Ele nomeou como secretário de segurança um ex-policial que se vangloria de ter tirado vidas, ecoando a retórica de tortura e violência promovida por Jair Bolsonaro.
O aumento da letalidade policial em São Paulo tem gerado uma série de casos de abuso de force pelos agentes, muitos deles expostos por câmeras de segurança e smartphones da população. Isso revela que o cidadão comum, que paga impostos, pode ser forçado a testemunhar o uso de recursos públicos em ações ilegais e discriminatórias.
Este clima de abusos não se limita a São Paulo, pois estados governados por diversos partidos também têm registrado situações alarmantes. Um caso notório ocorreu em 2019, quando o Exército Brasileiro absolveu oito militares que abriram fogo contra um carro, resultando em 257 disparos, atingindo a vítima, Evaldo Rosa, e sua família.
Esses eventos são a ponta do iceberg de uma cultura que desconsidera a vida e a dignidade dos mais vulneráveis, especialmente nas comunidades periféricas, onde a vida parece ter pouco valor. O novo decreto, que busca regularizar essas práticas e torná-las mais transparentes e respeitosas aos direitos humanos, é uma resposta necessária e urgente.
Este decreto não é uma invenção, mas sim uma tentativa de alinhar a prática policial às convenções internacionais que o Brasil já ratificou. Ele estabelece que o uso da força deve ser proporcional e que a polícia deve agir apenas quando outras medidas falharem.
Não há novidadade nessa iniciativa; regras básicas já existem, mas o que se observa é uma reação negativa por parte de alguns governadores que preferem manter a violência como resposta ao crime. No entanto, é importante ressaltar que vários governadores e ex-secretários de segurança manifestaram apoio ao decreto, enfatizando a necessidade de um policial mais consciente e menos perigoso.
A alegação de que o decreto representa uma interferência indevida do governo federal nas atribuições estaduais carece de fundamento. O Brasil vive um momento crítico em suas políticas de segurança, com péssimos índices de abuso e corrupção. A culpa não é apenas dos agentes do Estado, mas de uma sociedade que, em sua maioria, parece apoiar ações violentas contra as comunidades mais necessitadas, propagando a ideia de que 'bandido bom é bandido morto'.
Agora, mais do que nunca, é essencial que a sociedade se una na luta contra a violência policial e na defesa da dignidade humana, antes que cheguemos a um ponto sem retorno.