SÃO PAULO - Manifestações de sindicalistas e apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT) em frente ao Instituto Lula, refletindo a crise enfrentada pelo partido - Foto: Miguel Schincariol/AFP

As eleições municipais de 2024 ficarão na história como um marco sombrio para o Partido dos Trabalhadores em seu berço político: o estado de São Paulo. O desempenho do PT foi alarmantemente inferior em comparação com as eleições de 2016 e 2020, quando o partido já sentia os efeitos do impeachment de Dilma Rousseff e da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva.

Nas eleições deste ano, o PT conquistou a vitória em apenas quatro cidades: Mauá, Matão, Santa Lúcia e Lucianópolis, somando uma população total de apenas 507 mil habitantes. Isso significa que, a partir de 2025, o partido governará uma fração irrisória da população paulista, representando apenas 1,1% dos 44 milhões de habitantes do estado. Essa drástica queda de relevância política é um sinal preocupante para o futuro do PT.

Em comparação, em 2020, o partido havia eleito prefeitos em quatro cidades de porte médio, incluindo Diadema e Araraquara, somando cerca de 1,2 milhão de habitantes sob sua administração. Já em 2016, o PT triunfou em oito municípios, mostrando uma tendência de queda preocupante.

O ápice do sucesso do PT foi em 2012, quando elegeu 72 prefeitos, incluindo Fernando Haddad na capital paulista. Desde então, o partido vive um profundo declínio, associado a uma série de derrotas políticas em bastiões históricos. Um dos casos mais emblemáticos foi a derrota de Edinho Silva, que não conseguiu eleger sua sucessora em Araraquara, uma cidade que simbolizava a força petista em uma região predominantemente conservadora. Eliana Honain (PT) foi superada por Dr. Lapena (PL), um candidato apoiado por Jair Bolsonaro.

Na histórica Diadema, que sempre foi um reduto do PT, o candidato Fillipi não conseguiu se reeleger, mesmo em uma eleição marcada pela maior taxa de reeleição da história. Ele foi derrotado por Taka Yamauchi (MDB), aliado de Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas, evidenciando a fragilidade do PT até mesmo em seus próprios domínios.

Surpreendentemente, o partido não chegou ao segundo turno em cidades onde tradicionalmente tinha um bom desempenho, como Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo. Essa tendência pode prejudicar futuras pretensões eleitorais dos candidatos petistas nas disputas legislativas.

Na região metropolitana de São Paulo, a única vitória foi em Mauá. Em comparação, em 2008, o PT tinha vencido em 11 cidades da Grande São Paulo, incluindo Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo, mostrando uma queda drástica na influência do partido.

É evidente que o PT enfrentará um desafio monumental para recuperar sua relevância política e reconquistar a confiança do eleitorado. O que será do futuro do partido após essas derrotas? Somente o tempo dirá se o PT conseguirá se reinventar e voltar a ser uma força no cenário político paulista.