Protestos em São Paulo: Cidadãos lutam para salvar árvores na Zona Sul enquanto obras da Prefeitura avançam
2024-11-10
Autor: Fernanda
Neste domingo (10), manifestantes voltaram a se reunir na Rua Sena Madureira, na Zona Sul de São Paulo, para impugnar o corte de árvores que estão sendo derrubadas durante a construção de um túnel pela Prefeitura. O Ministério Público (MP) fez uma recomendação clara para que a obra fosse interrompida, mas a Prefeitura aguarda um parecer judicial sobre a questão.
Os manifestantes, que não enfrentaram a Guarda Civil Metropolitana (GCM) dessa vez, carregaram cartazes e expressaram suas preocupações com o desmatamento e os impactos sociais associados. Em suas faixas, pediam: "Não ao túnel da Sena Madureira! Mais árvores e justiça social!" e alertavam sobre o deslocamento de 200 famílias e a destruição de nascentes d’água.
Uma das manifestantes chamou atenção vestindo uma máscara do prefeito Ricardo Nunes e segurando uma motosserra desenhada, simbolizando a luta contra o que considera um atentado à natureza e à comunidade local.
O MP já destacou a importância de realizar estudos técnicos mais profundos sobre os impactos socioambientais que a obra poderá causar. Além disso, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo também pediu a suspensão das intervenções, enfatizando os danos às moradias da comunidade Souza Ramos, que fica próxima ao local da construção.
Na próxima segunda-feira (11), está programada uma reunião na Secretaria da Habitação com representantes da comunidade afetada.
Vale ressaltar que a construção deste túnel, que previa aliviar o trânsito na região, envolve a derrubada de 172 árvores - incluindo espécies nativas - e a remoção de cerca de 150 famílias que vivem nas comunidades Souza Ramos e Luiz Alves, onde moradores reclamam da falta de comunicação adequada e planejamento de realocação.
Desde o início da obra, em 6 de novembro, moradores estão mobilizados, e a indiferença da gestão municipal quanto à preservação ambiental tem gerado revolta. Reports apontam que em um dia da protesto, a vereadora eleita Renata Falzoni foi agredida e imobilizada enquanto tentava proteger as árvores, relutando contra o que classifica como um "crime ambiental".
Os especialistas em meio ambiente, como a urbanista Elisa Ramalho Rocha, alertam que as árvores que estão sendo derrubadas são parte de um corredor verde que conecta importantes áreas de preservação na cidade. A arquitetura verde é vista como uma necessidade para a manutenção da biodiversidade e qualidade de vida urbana. Em um contexto de mudanças climáticas e perda de habitat, a destruição de espaços verdes é um ato que ecoa a necessidade urgente de reavaliar como as cidades estão se desenvolvendo.
Enquanto isso, o contrato da obra, que já teve suspeitas de corrupção no passado, segue em vigor, com o prefeito alegando que continuar com a Galvão Engenharia é a opção mais econômica. No entanto, o custo do projeto subiu exorbitantemente, agora estimado em R$ 531 milhões, um aumento de 140% em relação ao valor original.
A Prefeitura se defende, afirmando que as famílias afetadas terão a opção de indenizações ou realocações, mas a falta de clareza sobre onde serão relocadas aumenta a tensão entre os moradores. Além disso, a administração municipal promete plantar novas mudas de árvores como compensação, mas a comunidade se mantém cética quanto a essas promessas, enfatizando a necessidade de proteção das árvores já existentes e da qualidade de vida dos residentes locais.
É uma batalha contínua entre progresso urbano e preservação ambiental, e São Paulo pode se tornar um símbolo dessa luta simultânea pelas futuras gerações.