Saúde

Proposta da ANS ameaça diagnóstico precoce de câncer de mama em mulheres abaixo de 50 anos

2025-01-24

Autor: Carolina

Uma nova proposta da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) está gerando polêmica ao sugerir que os planos de saúde adotem, como critério de certificação, o rastreamento do câncer de mama seguindo o mesmo padrão do SUS: mamografias a cada dois anos apenas para mulheres entre 50 e 69 anos.

Esse movimento é alarmante, pois estatísticas revelam que cerca de 40% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em mulheres com menos de 50 anos, e 22% das mortes pela doença ocorrem nessa faixa etária. A proposta ignora a realidade epidemiológica do Brasil, que exige atenção redobrada nessa questão.

Embora a ANS afirme que a proposta não impede que as mulheres façam mamografias antes dos 50 anos, especialistas alertam que isso pode desencorajar as operadoras a oferecerem o rastreamento anual a partir dos 40 anos, uma prática consolidada e recomendada por várias sociedades médicas. De acordo com Daniel Buttros, mastologista e docente da Unesp, é fundamental que essa faixa etária seja monitorada, pois o câncer de mama está atingindo cada vez mais mulheres jovens.

Organizações médicas, como a Femama e a Sociedade Brasileira de Mastologia, compartilham da mesma preocupação. Elas argumentam que a proposta da ANS desconsidera a natureza agressiva do câncer de mama no Brasil, onde a idade média para o diagnóstico é de 52, 53 anos, comparada a 60, 63 anos em países europeus. Isso significa que muitos casos são diagnosticados antes dos 50 anos.

Buttros ressalta que, mesmo com uma eficiência reduzida, o rastreamento para mulheres de 40 a 50 anos é indispensável, já que tumores diagnosticados em idades mais jovens tendem a ser mais agressivos e têm maior risco de metástase.

A proposta da ANS não é obrigatória, mas pode influenciar as operadoras a seguirem uma abordagem mínima, restringindo o acesso ao rastreamento para mulheres entre 40 e 49 anos. Essa mudança pode ter consequências devastadoras, pois o câncer de mama, quando identificado precocemente, tem maior chance de tratamento eficaz e sobrevida.

A ANS recentemente encerrou uma consulta pública sobre a proposta e agora está analisando os feedbacks recebidos, o que pode afetar a decisão final.

É crucial que as mulheres estejam informadas e adotem uma postura proativa em relação à sua saúde: - **Converse com seu médico:** Se você possui mais de 40 anos ou tem histórico familiar de câncer de mama, dialogue sobre a importância de realizar exames regulares. - **Fique atenta aos sinais:** Nódulos, alterações na pele e secreções mamárias devem ser investigados imediatamente. - **Rastreamento precoce salva vidas:** Garantir que as políticas de saúde reflitam a realidade brasileira é essencial para proteger a vida de milhares de mulheres e evitar que casos sejam detectados em estágios avançados.