Jeff Bezos e Elon Musk - Foto: Reuters

O Projeto Kuiper da Amazon e a Starlink de Elon Musk têm muito em comum, desde o uso de satélites em órbita terrestre baixa (LEO) até o foco em atender usuários em regiões com acesso limitado à internet.

Ambas as empresas buscam também parcerias com governos: a Starlink já provê serviços em contextos militares e marítimos, enquanto o Projeto Kuiper planeja atender organismos públicos com dispositivos de alta capacidade.

Constelação de satélites

Para entrar nessa disputa tecnológica, a Amazon está projetando uma "constelação" de 3.236 satélites para operar de forma coordenada. Aqui está o que se sabe sobre o funcionamento do Projeto Kuiper:

🔭 Os satélites estarão localizados a altitudes entre 590 km e 630 km da Terra, enquanto os da Starlink operam a aproximadamente 550 km. Essa proximidade reduz a latência, essencial para videoconferências e jogos online;

💻 A velocidade de download promete ser de até 1 gigabit por segundo (Gbps), quatro vezes mais do que a Starlink, que alcança em média 70 megabits por segundo (Mbps), conforme dados da SpeedTest (Ookla) do primeiro trimestre de 2023;

📱 A conexão será feita através de um terminal do tamanho de um livro, que, na versão básica, terá uma capacidade de até 100 Mbps;

🌎 A Vrio, empresa que controla a operadora de TV por satélite Sky, será a responsável pela implementação do serviço na América Latina, onde a Amazon planeja lançar o Kuiper em países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai.

Comparativo Kuiper vs Starlink

O Projeto Kuiper da Amazon está definindo um grande desafio à Starlink, que já está ativo em mais de 80 países. No Brasil, o foco inicial será em regiões com conectividade reduzida. "Estamos concentrados em atender clientes que estão fora da cobertura de fibra ótica", comentou Bruno Henriques, responsável pelo projeto na América Latina.

"A nossa rede terá flexibilidade para atender não apenas usuários comuns, mas também governos, hospitais e escolas, especialmente em situações de emergência e desastres naturais".

Atualmente, a internet via satélite representa apenas 1% dos acessos de banda larga fixa no Brasil. A Starlink domina esse mercado com 44,6% de participação, tendo quase triplicado seu número de acessos em um ano, de 90 mil em julho de 2023 para 224 mil em julho de 2024, segundo a Anatel.

Ambas as empresas pagaram R$102 mil pela autorização de uso de seus satélites comerciais no Brasil, com a Anatel garantindo um período de operação até 2027.

"A Anatel está aqui para regular a faixa de frequência e assegurar que os novos serviços não interfiram nos existentes", explicou Carlos Nazareth, diretor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel).

Como funcionará o Kuiper?

O lançamento do Projeto Kuiper está previsto para começar pela Argentina em meados de 2025, com a expansão para o Brasil prevista para 2026. O serviço utilizará antenas específicas para acesso à internet e a Amazon revela que um modelo de capacidade intermediária terá um custo de produção estimado de US$ 400, embora ainda não tenha divulgado valores de mensalidade.

Os equipamentos que a Amazon pretende oferecer incluem um modelo compacto de 100 Mbps e uma versão de 1 Gbps para usuários empresariais e governamentais, com preços que ainda não foram anunciados.

Enquanto isso, a Starlink cobra a partir de R$ 1.000 pelos equipamentos, além de uma mensalidade que começa em R$ 184, conforme os preços de setembro de 2024.

Para garantir uma cobertura ampla, as empresas precisarão de um número significativo de satélites. A Starlink já possui mais de 6.400 satélites em órbita, enquanto a Amazon planeja enviá-los em mais 77 missões totais. Os primeiros protótipos do Kuiper foram lançados em outubro de 2023.

A expectativa da Amazon é que cada satélite tenha uma vida útil de até 10 anos, sujeito a condições ambientais. "Não é verdade que o espaço tenha condições perfeitas. Tempestades solares e eletromagnéticas afetam os satélites assim como eventos na Terra", comentou Henriques.

Investimento e Parcerias

O investimento para o Projeto Kuiper é de pelo menos US$ 10 bilhões, um valor que cobre a construção de satélites, antenas e a implementação de gateways que conectam a rede terrestre aos satélites.

Na América Latina, o Projeto Kuiper será conduzido pela Vrio, com a responsabilidade pela venda e atendimento. "A Amazon fornece a infraestrutura, enquanto nós ficamos encarregados da distribuição", afirmou Lucas Werthein, vice-presidente da Vrio.

Essa nova disputa entre gigantes da tecnologia promete revolucionar a forma como a internet é acessada em áreas menos favorecidas globalmente. Fique atento às novidades e não perca a chance de estar sempre conectado!