Presidente Lula, é hora de arrumar as contas públicas!
2024-12-23
Autor: João
Recentemente, em um pronunciamento com a presença de Gabriel Galipolo e Fernando Haddad, o presidente Lula renovou seu compromisso com a responsabilidade fiscal e a autonomia do Banco Central. Fuja do que não se deve: o momento é crítico e o reconhecimento dessa gravidade é fundamental.
Não se pode brincar com a moeda nacional. A inflação está sob pressão e as expectativas econômicas sinalizam um cenário complicado. As causas desse estado são variadas e, ao contrário do que se pode pensar, não se resumem a um ataque especulativo, que ocorre com uma ação massiva contra uma moeda. O real está desvalorizado porque o governo perdeu a chance de restabelecer a normalidade após as eleições americanas, levando a um clima de incerteza.
Após promessas do presidente para conter o crescimento do gasto público, o mercado ficou otimista, ansioso por medidas efetivas. Contudo, essas ações não apenas demoraram a chegar, como também foram enfraquecidas por membros do próprio governo, deixando a população em expectativa.
O déficit projetado para 2025 é alarmante: o dobro do estimado para 2024. Para que o governo alcance a meta de déficit zero, será necessário um contingenciamento de mais de R$ 35 bilhões, diante de um cenário de um déficit que pode ultrapassar R$ 75 bilhões. Vale ressaltar que parte dos precatórios não entra na verificação da meta oficial.
Essa situação já leva em conta as mudanças resultantes do recente pacote aprovado no Congresso. Embora as medidas sejam pertinentes e positivas, são claramente insuficientes. O atual orçamento está repleto de receitas incertas. Impressionantes R$ 168 bilhões foram contabilizados com receitas não convencionais, criando a ilusão de um balanço fiscal equilibrado no papel. Essa fragilidade requer um esforço muito maior do que o que foi anunciado e aprovado até agora.
Lula precisa compreender que um estado fiscal debilitado pode arruinar qualquer estabilidade econômica. Os indicadores positivos que temos agora representam uma fase superada. A realidade se torna ainda mais preocupante quando vista a partir do presente, enquanto indicadores de um futuro problemático, como 2024, parecem pertencer ao passado.
Com um Congresso que muitas vezes ignora o equilíbrio fiscal e a saúde das contas públicas, esse é o momento ideal para demonstrar uma liderança efetiva, que dependa de quem realmente possui votos e legitimidade. Trocar apenas o presidente do Banco Central e aprovar um pacote fiscal não é suficiente para remover todos os obstáculos do caminho.
O desafio, presidente Lula, é ajustar as contas. O déficit zero ainda está longe de ser atingido, e pior, as projeções de superávit que poderiam ajudar a controlar a dívida pública só aparecem em um horizonte de dez anos.
Deixar as questões fiscais para depois, até 2026, não é uma opção viável, a não ser que se aceite uma realidade de juros e câmbio descontrolados, alto desemprego e crescimento econômico estagnado. Essa estrada é claramente uma receita infalível para perder as eleições. A hora de agir é agora, antes que seja tarde demais!