Ciência

Presidente da COP30 é Celebrado por Ambientalistas e Setor Empresarial

2025-01-21

Autor: Matheus

O anúncio da escolha do embaixador André Corrêa do Lago para presidir a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) foi recebido com otimismo por organizações ambientais e pelo setor empresarial. A decisão foi feita pelo presidente Lula (PT) e divulgada nesta terça-feira (21).

Marcando um momento crucial, a COP30 ocorrerá em Belém em novembro deste ano, reunindo líderes globais para debater estratégias que visem amenizar as mudanças climáticas e seus impactos devastadores em todo o planeta.

André Corrêa do Lago é o atual secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. Com formação em Economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Lago já atuou como negociador-chefe do Brasil em questões climáticas entre 2011 e 2013.

Ana Toni, atual secretária de clima do Ministério do Meio Ambiente, ocupará o cargo de CEO da COP, coordenando as atividades executivas do evento.

A diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, elogiou a escolha de Lago, ressaltando sua experiência e competência para mediar as negociações entre mais de 190 países. "Ele terá uma responsabilidade monumental diante de um mundo polarizado, especialmente com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, e em um cenário de eventos climáticos extremos crescentes", afirmou Pasquali.

Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), destacou a importância da escolha de Lago para fortalecer a colaboração entre setores públicos e privados. “O repertório do embaixador em negociações climáticas e sua capacidade de articular interesses diversos serão fundamentais para não apenas facilitar as negociações, mas também para posicionar o Brasil como um protagonista na agenda global”, afirmou Grossi.

O Instituto Clima e Sociedade (iCS) também se manifestou positivamente, acreditando que a diplomacia brasileira ajudará a resolver os desafios na equação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre financiamento climático, e na adequação das metas de redução de emissões às evidências científicas.

Ainda que congratulando a escolha, o Observatório do Clima, que engloba mais de uma centena de organizações socioambientais, apontou que Lago precisará enfrentar desafios significativos, num momento em que as tensões geopolíticas se intensificam, colocando em risco acordos cruciais.

A ONG WWF destacou a necessidade de compromissos ambiciosos para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, como estipulado no Acordo de Paris, e ressaltou a importância de promover um espaço inclusivo para o diálogo, que valorize as vozes de comunidades indígenas e marginais durante as discussões.

A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) congratulou a escolha de Lago, porém lamentou a ausência de uma copresidência indígena, uma demanda que defenderam em outubro de 2024, afirmando que o conhecimento ancestral dos povos indígenas é essencial para a luta contra a crise climática.

Pedro de Camargo Neto, pecuarista e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, elogiou a indicação de Lago, mas expressou preocupação com a definição tardia das prioridades para a agenda da conferência. "É fundamental que essas definições sejam claras e sustentadas por um amplo consenso nacional, distante das disputas políticas", disse.

A mídia internacional também comentou a nomeação de Lago, com a Bloomberg e o Financial Times destacando sua vasta experiência em questões ambientais. A Reuters, por sua vez, enfatizou que Lago foi instrumental em resolver um impasse entre países ricos e em desenvolvimento durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro em 2024.

André Corrêa do Lago se torna assim o 25º presidente da COP, um fato que chama a atenção em um histórico onde apenas 5 das 30 conferências foram lideradas por mulheres. O momento é visto como uma oportunidade crucial para avançar no combate às mudanças climáticas e promover um desenvolvimento sustentável que beneficie todos os setores da sociedade.