Saúde

Por que mulheres com doenças graves são diagnosticadas erroneamente com transtornos mentais

2025-04-08

Autor: Mariana

Recentemente, a revista “Smithsonian Magazine” destacou um problema alarmante que afeta inúmeras mulheres que, convivendo com doenças difíceis de diagnosticar, acabam recebendo a etiqueta de transtornos mentais. Muitas vezes, ao invés de um diagnóstico preciso, recebem receitas de medicamentos para tratar ansiedad e bipolaridade, que apenas mascaram a verdadeira condição de saúde.

Um dos casos abordados na reportagem é o de Veronika Denner, que, apesar de sintomas graves como sangue nas fezes, bexiga hiperativa e dores pélvicas intensas, foi diagnosticada equivocadamente com estresse. Após várias consultas, onde chegou a ser chamada de “rainha do drama”, ficou claro que sua condição era uma forma agressiva de endometriose. Essa doença, que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, pode levar a diagnósticos errados em até um terço dos casos, atrasando o tratamento por anos. Infelizmente, essa não é uma situação isolada; mulheres com doenças autoimunes, como lúpus, também relatam experiências similares, onde seus sintomas são desacreditados como se fossem meras fabriciações.

Mas por que as mulheres são frequentemente alvo de diagnósticos enganosos? Além do chamado “gaslighting” médico, em que suas queixas são ignoradas, a saúde mental se tornou um bode expiatório em casos complexos. Isso tem consequências graves, pois, no caso da endometriose, o diagnóstico muitas vezes só é confirmado por meio de laparoscopia, um procedimento invasivo que envolve a inserção de uma câmera no abdômen, após um histórico de exames sem respostas.

A canadense Jessica Wetzstein, uma influenciadora digital que conquistou uma enorme base de seguidores, compartilha suas próprias lutas médicas e as das amigas, enfatizando a falta de credibilidade das mulheres ao relatar dores crônicas. "Conheço mulheres com Doença de Crohn que, ao descreverem seus sintomas, foram interrompidas pelo médico, que questionava se era realmente sangue ou menstruação", comenta, enfatizando a desconfiança que paira sobre o relato feminino.

Esta questão crítica levanta um ponto importante sobre a necessidade de o sistema de saúde reformular a forma como escuta e trata as pacientes. Estima-se que o diagnóstico de condições como a endometriose possa levar anos para ser confirmado, um tempo precioso que pode ser perdido no tratamento adequado. Com o aumento da conscientização sobre essas doenças, é fundamental que as profissionais de saúde sejam mais receptivas e empáticas ao ouvir suas pacientes, a fim de evitar erros catastróficos no diagnóstico e promover um tratamento eficaz.

As histórias de mulheres como Veronika Denner e Jessica Wetzstein mostram que a luta por um diagnóstico correto não é apenas uma questão médica, mas uma questão de dignidade e respeito no tratamento da saúde.