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Por que homem acusado de ser o cérebro do 11 de Setembro quer confessar, mas EUA tentam impedir?

2025-01-11

Autor: Ana

Khalid Sheikh Mohammed, frequentemente referido como KSM, é o detento mais notório da prisão de Guantânamo, onde está preso há quase 20 anos. Acusado de ser o mentor dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, Mohammed deveria se declarar culpado em um tribunal militar na base naval, mas o governo dos EUA se mobilizou para impedir que acordos judiciais firmados anteriormente em torno de sua confissão fossem seguidos.

Um tribunal federal, na data prevista para a confissão, decidiu suspender as audiências, enquanto analisava os pedidos do governo para descartar os acordos judiciais, alegando que esses poderiam causar danos "irreparáveis" ao governo e ao público. A decisão de adiamento do tribunal não deve ser interpretada como uma avaliação do caso em questão, mas sim como uma medida para garantir que todas as partes envolvidas apresentem seus argumentos.

Na audiência originalmente agendada, Khalid Sheikh Mohammed deveria admitir sua participação nos ataques que resultaram na morte de quase 3.000 pessoas. Ele já havia declarado anteriormente que planejou a "operação de 11 de setembro de A a Z", levando a proposta para Osama bin Laden, líder da al-Qaeda, durante os anos 90.

A tortura que ele e outros prisioneiros enfrentaram durante a custódia dos EUA complicou as audiências por mais de uma década. Com base em informações reveladas por autoridades, sabe-se que Mohammed foi submetido a torturas brutais, incluindo 183 sessões de waterboarding. Especialistas em direitos humanos, como Karen Greenberg, ressaltam que o uso de tortura compromete a capacidade do sistema judicial dos EUA de processar esses casos conforme os princípios do Estado de Direito.

O que torna essa situação ainda mais complexa é que, embora um acordo judicial feito no verão anterior pudesse significar que ele não enfrentaria a pena de morte, a hesitação do governo atual em aceitar a confissão levanta questões sobre política, legalidade e direitos das vítimas.

O acordo judicial havia sido prometido como uma forma de dar às famílias das vítimas uma oportunidade de ter um fechamento e uma justiça que já escapa há muito tempo. Contudo, com a recente mudança de postura do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e a intervenção do governo, as famílias que buscam justiça se sentem frustradas e desamparadas. Muitos acreditam que os acordos são uma forma de proteger os acusados, enquanto o legado do 11 de setembro e as suas consequências para a sociedade americana continuam a pesar pesadamente.

Adicionalmente, a prisão de Guantânamo abriga atualmente 15 detentos, o menor número de sua história. O futuro de Khalid Sheikh Mohammed e a resolução desse caso, que se arrasta há duas décadas, permanecem incertos, mas o debate sobre a justiça e as medidas de segurança que ainda permeiam a sociedade americana permanecem tão relevantes quanto na época dos ataques.