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Polêmica no Cinema: Atrizes Protestam Contra Escalação de A atriz Cis em ‘Geni’

2025-04-17

Autor: Maria

A Ascensão de Geni ao Cinema

A música icônica "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque, receberá uma adaptação cinematográfica sob a direção de Anna Muylaert, conhecida por seu trabalho em "Que Horas Ela Volta?". Contudo, a escolha dos protagonistas já está gerando controvérsia antes mesmo do início das filmagens.

Thainá Duarte foi selecionada para o papel de Geni, mas a atriz não é uma mulher trans, o que levanta discussões sobre representatividade e a escolha de artistas cisgêneros para interpretar personagens trans. Renata Carvalho, uma das vozes mais proeminentes nessa questão, expressou sua decepção nas redes sociais.

Renata Carvalho e a Luta pela Representatividade

Renata Carvalho fez um desabafo impactante: "Triste em saber que o filme 'Geni e o Zepelim' escalou uma atriz cisgênero para interpretar uma das personagens trans mais emblemáticas do Brasil. O filme já chega anacrônico e distante do seu tempo". Ela criticou o que considera uma forma de transfobia velada, destacando que enquanto a transrepresentatividade ainda é escassa, artistas cisgêneros continuam a ocupar espaços que deveriam ser destinados a pessoas trans.

Repercussão e Opiniões de Outros Artistas

A insatisfação se espalhou rapidamente, com diversas artistas trans, como Liniker e Valéria Barcellos, manifestando sua tristeza e decepção. Liniker se prontificou: "Não é possível. Vexatório demais!" A cantora Gabriela Loran também se mostrou indignada, apontando a insuficiência de oportunidades para pessoas trans no mercado.

A Resposta da Diretora Anna Muylaert

Frente à repercussão negativa, Anna Muylaert utilizou suas redes sociais para explicar que a escolha por não escalar uma atriz trans se deu pela interpretação que desejava dar à personagem. Ela mencionou que a letra da música poderia ser vista de diversas maneiras, e que a decisão de abordar Geni como uma "prostituta cisgênero na Amazônia" foi uma escolha criativa.

O Debate Continua

A diretora se propôs a abrir o debate sobre a interpretação da letra e a identidade de Geni, perguntando se a personagem só poderia ser vista como uma mulher trans. Sua abordagem, no entanto, foi recebida com críticas, onde se questionou a relevância de tal debate em um país onde a aceitação de corpos trans ainda é um desafio.

Camila Pitanga, por exemplo, também entrou na discussão, sublinhando que a escolha de uma atriz cisgênero poderia perpetuar o apagamento de mulheres trans. A atriz Aline Fanju também expressou sua preocupação, ressaltando a importância de dar protagonismo a quem normalmente é invisibilizado.

Uma Nova Onda de Reflexão no Cinema Brasileiro

Esse episódio provoca uma reflexão importante sobre a representatividade trans na arte brasileira. Com uma sociedade ainda repleta de desigualdades e preconceitos, a escolha dos elencos e a forma como as histórias são contadas precisam ser questionadas e debatidas. A adaptação de "Geni e o Zepelim" promete gerar discussões não apenas sobre a música de Chico Buarque, mas sobre a construção de narrativas no cinema contemporâneo.