Polêmica nas escolas: A professora que abordou cultura afro e indígena no DF gera debate
2024-11-04
Autor: Ana
A aula de "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena" no Centro Educacional do Lago Sul, que é uma instituição pública, causou grande repercussão. Vídeos gravados por alunos mostram a sala de aula decorada com folhas no chão, simulando o ambiente de cerimônias de candomblé. No quadro, canções de matrizes africanas eram exibidas, gerando reações diversas entre os pais.
Além dos vídeos, áudios capturados pelos alunos revelam detalhes da abordagem da professora, que sugeriu práticas conectadas às crenças religiosas afro-brasileiras durante a aula.
A situação ganhou ainda mais notoriedade após uma mãe de aluno compartilhar o material com o deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP), que disparou críticas nas redes sociais e levou o caso ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
O deputado argumentou que os responsáveis não foram informados sobre a inserção de práticas religiosas no ambiente escolar e destacou que, segundo a Constituição Federal, "a liberdade de crença e a laicidade do Estado garantem que as escolas sejam espaços de pluralidade cultural, não de difusão religiosa".
Em contrapartida, o Centro Educacional do Lago defendeu que o conteúdo ministrado pela professora está alinhado às diretrizes educacionais do Ministério da Educação (MEC) e da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), que incluem o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena como obrigatório, conforme as Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08.
Durante a aula, a professora explicou as dinâmicas que pretendeu implementar: "Podemos ter, por exemplo, um filtro de barro. Cada vez que alguém entra na sala, oferecemos um copo d'água, ritual que é comum nos terreiros. A primeira coisa que fazemos é tomar água. Podemos também montar uma mesa com frutas, pois elas estão muito presentes nessa religiosidade, simbolizando prosperidade e abundância".
Ela ainda destacou que o plano de aulas incluiria discussões sobre o povo iorubano e os orixás que são cultuados nesse contexto, além de cultos sincréticos como a jurema e a umbanda, ressaltando a diversidade das expressões religiosas afro-brasileiras.
"Teremos centros com frutas e folhas no chão, todos vestidos de branco, discutindo isso. O que vocês acham da proposta? O nosso trabalho será fazer uma pesquisa profunda, elaborar um roteiro da nossa fala e apresentar um orixá", completou a docente, motivando os alunos a se envolverem na proposta inovadora.
O chamado do MPDFT para investigar o caso levantou importantes questões sobre liberdade de ensino, diversidade cultural e os limites da educação religiosa nas escolas, gerando um debate que pode impactar futuras abordagens curriculares.