Saúde

POLÊMICA: ANS propõe mamografias apenas para mulheres acima de 50, desafiando diretrizes médicas

2025-01-23

Autor: Ana

A proposta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de recomendar mamografias apenas para mulheres a partir dos 50 anos gerou um verdadeiro alvoroço na comunidade médica. Embora a ANS afirme que essa mudança faz parte de um critério para certificação de planos de saúde, especialistas temem que isso possa afetar a cobertura real e a detecção precoce do câncer de mama.

Cícero Urban, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), critica a proposta, destacando que 40% dos diagnósticos de câncer de mama ocorrem em mulheres com menos de 50 anos. "A ideia é boa, mas essa recomendação vai na contramão das orientações mais amplas que reconhecem a necessidade de monitoramento antes dessa faixa etária. Isso pode levar a um retrocesso significativo em nossos resultados de rastreamento na rede privada," explica Urban.

A justificativa da ANS de seguir a métrica do Instituto Nacional do Câncer, que sugere que o rastreio comece aos 50 anos, não é bem recebida por muitos. O Sistema Único de Saúde (SUS) também limita o rastreio a essa faixa etária, no entanto, diversas sociedades médicas, como a Femama e a Febrasgo, argumentam que a idade deveria ser reduzida para 40 anos dado o aumento da incidência entre mulheres jovens.

Importante lembrar que uma pesquisa da Força-tarefa para Serviços Preventivos dos EUA recomenda a mamografia a partir dos 40 anos, sinalizando uma mudança na abordagem preventiva em um país que muitos consideram referência em saúde.

Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que 33,4% dos casos de câncer de mama no Brasil foram diagnosticados em mulheres abaixo de 50 anos em 2023, e que os diagnósticos entre 40 e 49 anos cresceram 63,2% nos últimos cinco anos. Essa realidade exige uma reflexão profunda sobre os critérios de rastreio e a política pública de saúde.

Com as preocupações levantadas, a Femama critica frontalmente a nova proposta, afirmando que o único benefício tangível seria a redução de custos para os planos de saúde, enquanto os potenciais custos com diagnósticos tardios e tratamentos complexos não estão sendo considerados pela ANS.

As instituições de saúde clamoram por um novo olhar sobre o rastreio do câncer de mama, ressaltando a necessidade de proteção das mulheres e da saúde pública. A SBM, por sua vez, considera que a mudança dificulta ainda mais o rastreio do câncer de mama no Brasil e que a proposta representa uma ameaça direta ao progresso já alcançado em saúde pública.

Para o futuro, essa polêmica destaca a urgência de um debate aberto e fundamentado sobre a saúde feminina no Brasil, que considere a evidência científica atual e a realidade da incidência do câncer de mama em populações cada vez mais jovens.