Nos últimos dias, Elon Musk, CEO da SpaceX e Tesla, se encontrou no centro de uma polêmica após anunciar uma doação diária de US$ 1 milhão para eleitores registrados em estados estratégicos para as eleições presidenciais. Esta iniciativa gerou controvérsia e resultou em um processo judicial, onde o promotor distrital da Filadélfia, Larry Krasner, alegou que Musk estaria promovendo uma loteria ilegal.

Os cidadãos interessados em participar do sorteio devem assinar uma petição do America PAC, grupo que Musk apoia, prometendo respaldo à Primeira e Segunda Emenda da Constituição dos EUA. Porém, apenas eleitores registrados em sete estados cruciais podem assinar, o que levanta questões sobre a natureza da ajuda.

Musk, conhecido por suas opiniões provocativas e empreendimentos audaciosos, parece estar estrategicamente alinhado com Trump em diversas questões, incluindo políticas de imigração e desregulação. Entretanto, seu apoio ao ex-presidente também é uma jogada calculada, considerando que as eleições de 2024 podem impactar diretamente as operações de suas empresas, que fazem grandes negócios com o governo americano e enfrentam desafios regulatórios.

"A relação que Elon Musk mantém com o governo federal é sem precedentes", analisa Stephen Diamond, professor de Direito na Universidade de Santa Clara, especializado em valores mobiliários. Para Musk, o que está em jogo vai além de um simples apoio político. É uma questão de bilhões de dólares em contratos governamentais.

A SpaceX é um dos maiores fornecedores da NASA, com um contrato recente de US$ 843 milhões para desenvolver um veículo que auxiliará na desativação da Estação Espacial Internacional (ISS). Além disso, a Força Espacial dos EUA injetou mais de US$ 700 milhões na SpaceX para apoiar uma série de lançamentos programados para os próximos anos.

A Tesla, também sob a liderança de Musk, não fica atrás no que diz respeito a contratos. A montadora de veículos elétricos já recebeu robustos contratos do Departamento de Defesa e do Departamento de Transportes, somando após dez anos mais de US$ 15,4 bilhões em contratos governamentais, segundo análise do "New York Times".

Além disso, a Tesla se beneficia de bilhões em subsídios federais. Desde 2018, a empresa recebeu cerca de US$ 9 bilhões em apoio do governo, principalmente através de programas que incentivam a redução das emissões de carbono.

"Musk está profundamente entrelaçado financeiramente com o governo federal", observou Diamond. No entanto, a necessidade de um ambiente regulatório mais favorável também é crucial. Neste momento, suas empresas enfrentam várias investigações e disputas legais. A NHTSA, por exemplo, está avaliando a Tesla por preocupações envolvendo sua capacidade de direção autônoma, enquanto a SpaceX se vê em um conflito com o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB) devido a questões trabalhistas.

Em um cenário político onde as decisões de aplicação das leis estão ligadas ao presidente, Trump elogiou Musk por sua abordagem rigorosa em demissões durante greves, chamando-o de "o melhor cortador". A campanha de Trump afirmou que a aliança com Musk demonstra a força de suas propostas econômicas, insinuando que a presença de influentes empresários pode moldar a percepção pública e a aceitação de sua agenda. O que será que o futuro reserva para Musk, Trump e o destino da economia americana?