Manaus/AM - Uma nova era de pirataria se instala nos rios do Amazonas, com criminosos adotando tecnologias avançadas para aprimorar suas estratégias de ataque.

Galdino Alencar, presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Estado do Amazonas (Sindarma), revelou que os piratas agora estão utilizando drones para monitorar embarcações, especialmente balsas que transportam combustíveis. Esse uso de tecnologia não só permite aos criminosos escolherem o momento ideal para atacar, mas também avaliarem as cargas e intimidarem as tripulações, uma tática que se tornou cada vez mais comum, trazendo um novo desafio para a segurança na navegação fluvial.

Embora Alencar não tenha fornecido números específicos de ataques em 2024, os dados de 2020 a 2023 já são alarmantes. Nesse período, foram furtados impressionantes 7,7 milhões de litros de combustíveis, gerando um prejuízo estimado de R$ 48 milhões. O aumento de 105% nos ataques piratas em comparação aos anos anteriores evidencia a ousadia crescente desses grupos organizados. Os criminosos estão armados com equipamentos pesados e usam embarcações rápidas, obrigando as empresas a recorrerem à escolta armada como uma medida de defesa.

Apesar dos esforços, as tentativas de assalto e tiroteios se tornaram uma rotina na região, e a introdução de drones eleva ainda mais os níveis de risco envolvido.

Além disso, a segurança das embarcações é gravemente ameaçada pela presença de dragas de garimpo ilegal no Rio Madeira, comprometendo a navegabilidade e segurança. Estima-se que cerca de duas mil dragas estão operando na região, muitas em condições irregulares, bloqueando canais de navegação e se tornando um sério risco adicional para as embarcações.

Diante desse cenário alarmante, o deputado federal Saullo Vianna apresentou um projeto de lei que visa alterar o Código Penal, aumentando a pena para roubo de cargas em rios e lagos, o que poderia resultar em penas mais severas, variando de 30% a 50% a mais em relação ao que é praticado atualmente.

O governo federal já se mobilizou, com representantes dos ministérios da Justiça e Segurança Pública e de Portos e Aeroportos se reunindo para estabelecer um programa de segurança específico para os rios do Norte do Brasil.

Os dados apresentados nessas reuniões revelam um prejuízo anual de R$ 100 milhões devido a furtos e roubos de cargas, somando 4 milhões de litros de combustíveis já subtraídos apenas nos três primeiros meses de 2024.

Para combater essa onda de pirataria fluvial, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos de Almeida Neto, defendeu uma ampliação das atribuições das Polícias Federal e Rodoviária Federal, incluindo o patrulhamento das hidrovias, que frequentemente funcionam como rotas para outros crimes.

A expectativa é que a integração de tecnologia e forças de segurança transforme os rios da região em corredores logísticos seguros e modernos.

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