Negócios

Petrobras: O que esperar do novo plano de negócios que promete aumentar os dividendos

2024-11-05

Autor: Matheus

A Petrobras (PETR3;PETR4) está prestes a revelar seu novo plano estratégico para o período de 2025 a 2029. O anúncio será feito em 21 de novembro, após o fechamento do mercado, seguido de uma apresentação para investidores no dia seguinte.

Analistas do Bradesco BBI apostam em um plano que prioriza o aumento dos dividendos, especialmente a curto prazo, com previsões de menores gastos de capital e um aumento na meta de dívida bruta da empresa, subindo dos atuais US$ 65 bilhões.

Embora exista uma preocupação no mercado sobre um possível aumento no capex (investimentos) nos próximos cinco anos, o banco acredita que essa alta pode ser justificada pela significativa inflação em setor offshore, que se intensificou no último ano.

Os analistas não esperam mudanças drásticas na curva de produção da Petrobras, considerando que já é vista como conservadora e que inclui diversos riscos. Para 2025, a previsão é de que a produção de petróleo permaneça estável em cerca de 2,2 milhões de barris por dia, enquanto em 2029 pode aumentar para até 2,6 milhões de barris devido ao incremento de novas plataformas.

Além disso, há expectativa de redução nos níveis de capex para 2025. A administração da Petrobras já havia reduzido suas expectativas para 2024, diminuindo a previsão de capex de US$ 18,5 bilhões para uma faixa entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões. Os analistas do BBI esperam que a próxima orientação de capex seja ainda mais assertiva, situando-se entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões.

Os especialistas também acreditam que um aumento na meta de dívida bruta poderá criar espaço para o pagamento de dividendos. Uma preocupação crescente entre investidores era de que, ao atingir a meta de US$ 65 bilhões, a política de dividendos da Petrobras fosse alterada. No entanto, como a maior parte da dívida bruta da estatal advém de leasing (56%, ou US$ 33 bilhões), os riscos associados são relativamente baixos.

Comparando a estrutura de endividamento, a participação de leasing na dívida total da Petrobras é significativamente maior do que a média de empresas dos EUA e Europa, onde esse tipo de dívida é responsável por 19% total.

Os estrategistas do Bradesco sugerem que a empresa pode ter espaço para uma maior alavancagem, com possibilidade de aumentar sua dívida financeira em até US$ 14 bilhões. Com isso, a meta de dívida bruta poderia ser elevada para até US$ 80 bilhões, proporcionando uma estrutura financeira ainda mais robusta para dividendos.

A Petrobras também pode rever seu nível ideal de caixa. Atualmente, a companhia trabalha com um limite de US$ 8 bilhões, que pode ser ajustado para refletir as liquidez e condições de mercado.

Com tudo isso, o plano que está por vir deve ser amplamente positivo para os dividendos, prevendo um pagamento total de aproximadamente US$ 50 bilhões nos próximos cinco anos, superando a estimativa anterior de US$ 40 bilhões a US$ 45 bilhões. Essa expectativa, é claro, depende de fatores como preço do petróleo e flutuações cambiais.

Por fim, o tão aguardado anúncio do dividendo extraordinário de 2023 provavelmente ocorrerá junto ao novo plano de negócios. O Ministério da Fazenda do Brasil já elevou suas previsões de receita relacionada aos dividendos, incorporando o pagamento integral das reservas da Petrobras neste ano. Inicialmente, esperava-se um valor entre US$ 4 bilhões e US$ 4,5 bilhões em dividendos extraordinários, mas a recente depreciação do câmbio levou a uma revisão para US$ 3,5 bilhões, o que representa cerca de R$ 20 bilhões ou R$ 1,64 por ação.