Paraquedistas de Nunes: a nova era no governo e os reflexos na política brasileira
2025-01-07
Autor: Gabriel
Enquanto a discussão sobre o inchaço da máquina pública federal avança, a cidade de São Paulo vive seu próprio turbilhão político. Com 35 secretarias sob o comando do prefeito Ricardo Nunes, o município se distancia cada vez mais do modelo otimizado e eficaz. A primeira reunião do secretariado precisou ocorrer em um amplo saguão da prefeitura, dada a incapacidade de reunir tantos secretários em um espaço adequado.
Entre as polêmicas pastas, nomes como Transporte e Mobilidade Urbana e Mobilidade e Trânsito desnudam a falta de criatividade na nomenclatura, enquanto áreas como Mudanças Climáticas e Verde e Meio Ambiente parecem se aproximar mais de uma rivalidade do que de um esforço conjunto. O novo secretariado é uma verdadeira salada de frutas, com indivíduos sem experiência prévia em suas funções.
Um dos casos mais emblemáticos é o pastor Milton Vieira, que assume a pasta de Inovação e Tecnologia, mesmo sem uma trajetória vinculada à área. Sua experiência como ex-secretário de Habitação em São Paulo deixou um legado de promessas não cumpridas, como a moradia popular que jamais se concretizou, e agora sua experiência em Tecnologia levanta mais dúvidas do que certezas. Na sequência, o pastor Rui Alves, sem projetos relevantes a apresentar, ficará encarregado do Turismo, área que demanda visão ampla e planejamento.
A segurança pública, um tema que merece atenção especial, ficará sob responsabilidade de Orlando Morando, ex-prefeito de São Bernardo do Campo. Morando entra sem um histórico talhado para resolver os desafios urbanos, e suas credenciais passam mais pelas redes sociais do que por ações concretas nas comunidades. O que a população pode esperar de alguém que esteve mais preocupado em manter seu nome nas câmaras do que em efetivamente entender as realidades das periferias?
Além disso, a presença de ex-prefeitos nas novas secretarias mostra um padrão arriscado no qual a elitização da política local se reforça. Rogerio Lins, ex-prefeito de Osasco, e Rodrigo Ashiuchi, de Suzano, assumem funções sem a bagagem necessária para lidar com as urgências e especificidades da cidade. Mais uma vez, a falta de conexão com realidades urbanas e sociais se evidencia na escolha dos novos secretários.
Essa prática de indicar pessoas sem experiência é preocupante, pois não apenas atrasa o andamento de políticas públicas, mas também parece ser um reflexo de uma política que acaba por premiar os interesses pessoais em detrimento das necessidades coletivas. A cidade de São Paulo, um dos maiores centros urbanos do Brasil, não pode se dar ao luxo de esperar que seus novos secretários se adaptem ao serviço ao longo de meses; a população demanda soluções imediatas e efetivas.
A ineficiência se repete em outras áreas. O ex-prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, será responsável pela Secretaria de Desestatização, desafiando a expertise, e o mesmo se aplica a outros ex-prefeitos que já mostraram pouca conexão com as questões ambientais ou sociais das suas ex-administrações. Isso gera um ciclo vicioso de desconfiança e falta de compromisso com a gestão pública, em um momento onde a população cobra mais resultados e transparência na administração.
Com nomes que miram nas eleições do próximo ano, a interinidade é uma característica marcante do atual governo. Muitos destes ex-prefeitos não apenas estão cercados por incertezas e falta de planejamento, mas também já estão lançando suas campanhas para o próximo pleito, sem pensar nas responsabilidades que têm atualmente. É um ciclo que promete ser repetitivo, como se o foco estivesse mais na sobrevivência política do que nas necessidades reais da população.
Enquanto a política brasileira continua a se acomodar em suas práticas tradicionais, o público espera que novos talentos e líderes realmente comprometidos possam surgir, oferecendo uma alternativa viável e rápida. No entanto, o cenário atual sugere que a insatisfação cidadã pode gerar um espaço fértil para novos rostos, como o performático Pablo Marçal, atraindo para si a frustração com a política convencional. Preparem-se, brasileiros, pois a mudança pode estar mais perto do que se imagina.