Quando pensamos em acumular fortuna nos Estados Unidos, é fácil imaginar os fundadores de unicórnios ou os magnatas de Wall Street. No entanto, a verdadeira riqueza americana se revela longe dos holofotes de Hollywood ou dos arranha-céus de Wall Street.

Surpreendentemente, a maioria dos milionários americanos são empreendedores de cidades do interior, que prosperam em setores considerados 'boring' – como clínicas dentárias, revendas de carros e empresas de climatização. Esses negócios, sem glamour, estão no cerne da economia americana.

Os economistas Owen Zidar, da Princeton, e Eric Zwick, da Universidade de Chicago, realizaram uma análise que revela que o 0,1% da população mais rica dos EUA ganha principalmente de lucros de seus próprios negócios, e não de salários exorbitantes. Eles denominam esse grupo de 'stealthy wealthy' (ricos fora do radar), um dinheiro que circula longe da mídia.

Para se integrar a esse seleto grupo, onde a renda mínima anual em 2022 era de impressionantes US$ 2,3 milhões, constata-se que as empresas desse grupo geram, em média, cerca de US$ 20 milhões por ano, com aproximadamente 100 funcionários.

Zidar destacou a predominância dos empresários regionais: 'Para cada CEO de uma empresa de capital aberto, há 1.000 donos de empresas privadas com fortunas acima de US$ 25 milhões'. Além disso, a maioria desses indivíduos construiu sua riqueza sem depender de heranças.

O que é igualmente intrigante é que esses empresários também são os que impulsionam os mercados de iates, jatos particulares e mansões luxuosas, desafiando a imagem estereotipada dos ricos que herdam suas fortunas.

A pesquisa dos economistas resultará em um livro no próximo ano, onde Zidar compartilha histórias inspiradoras de milionários que construíram suas fortunas quase invisivelmente, como a famosa 'rainha das quiches' da Bay Area.

Ao abordar as implicações de suas descobertas para políticas de redistribuição de renda, Zidar não sugere limitar o sucesso dos mais ricos, mas propõe fomentar um ambiente de maior concorrência e oportunidades para novos empreendedores.

O estudo revela que os empresários bem-sucedidos predominam na riqueza do topo da pirâmide, ressaltando que a verdadeira acumulação de riqueza nos Estados Unidos pode estar mais ligada a pequenos negócios robustos do interior, que prosperam com modelos de operação tradicionais e eficientes.